Barroso: Bolsonaro terá que respeitar o resultado da eleição se perder

'Essa história de que se perder houve fraude não combina com democracia'

LUIS ROBERTO BARROSO E JAIR BOLSONARO. FOTOS: NELSON JR./STF E MARCOS CORRÊA/PR

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O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, voltou a afirmar que o presidente Jair Bolsonaro terá que aceitar o resultado das eleições deste ano caso seja derrotado no pleito.

“Se ele (Bolsonaro) ganhar, os que perderem têm de respeitar a vitória dele. Se ele perder, derrotados têm de respeitar a vitória dos vencedores”, disse Barroso em entrevista ao portal Metrópoles publicada nesta terça-feira 15. “A democracia significa que quem perde hoje pode tentar ganhar amanhã e quem ganha hoje pode perder amanhã. Portanto, essa história de que se perder houve fraude não combina com democracia”.

Na última semana, durante sua live semanal e em entrevistas, o ex-capitão afirmou que o sistema “não é de confiança de todos nós ainda”.

“A máquina, tudo bem, a máquina não mente. Mas quem opera é um ser humano. Então ainda existem muitas dúvidas no tocante a isso e a gente espera que nos próximos dias a gente tire essa dúvida”, acrescentou.

No fim de semana, Barroso garantiu que o TSE “assegurará eleições livres, limpas e seguras” e que os ataques de Bolsonaro são “uma retórica repetida” e “um discurso vazio”.

Na sexta-feira 11, o tribunal chegou a rebater o presidente, que disse que as Forças Armadas levantaram “possíveis vulnerabilidades do sistema”. Em nota, o TSE disse que “as declarações que têm sido veiculadas não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido”.


O texto ainda diz que “o pedido do representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral foi protocolado próximo do recesso, quando os profissionais das áreas técnicas fazem uma pausa”. Com a volta aos trabalhos, explica a Corte, “o conteúdo começou a ser elaborado e será encaminhado nos próximos dias”.

O magistrado afirmou que “quando o presidente diz que encontraram vulnerabilidades antes mesmo de receber as respostas às indagações, ele está adiantando, desavisadamente, a estratégia que ele pretende adotar”.

“Ele antecipou a estratégia dele, que é: não importa quais sejam as respostas, eu vou dizer que o sistema eleitoral eletrônico tem vulnerabilidades. Ele não precisa de fatos, a mentira já está pronta”, completou.

O magistrado classificou ainda o comício do presidente na porta do quartel-general do Exército, os tanques na Praça dos Três Poderes e a manifestação do 7 de setembro com discursos golpistas de desrespeito a decisões judiciais e ataques a ministros como fruto das “limitações cognitivas e baixa civilidade” de Bolsonaro.

 

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