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As perguntas sem respostas sobre empresas que querem vacinas

Líderes do Senado definiram que só começarão a discutir o tema daqui a duas semanas

A vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Foto: CARL DE SOUZA/AFP
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O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), tem três perguntas sobre o projeto que autoriza empresas a comprarem vacinas, que aprovado na última quarta-feira 7 na Câmara dos Deputados.

Em reunião com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e demais líderes, o senador afirmou que, antes de levar o assunto à pauta, é preciso esclarecer os seguintes pontos:

De onde virão as vacinas?

Por que esse tipo de privilégio?

Por que não serão vendidas ao governo para irem para o SUS?

Segundo o senador, na reunião com Pacheco, ficou definido que o Senado só começará a discutir o tema daqui a duas semanas, na quarta-feira 19.

“A gente deu uma esfriada no debate. Não há certeza que eles [os empresários] tenham fontes confiáveis de vacinas. Temos que ouvir antes as entidades empresariais e laborais”, afirmou Prates a CartaCapital.

O projeto aprovado na Câmara retira a exigência de que as empresas só possam começar a vacinação própria após a imunização dos grupos prioritários pelo SUS.

A proposta também passa a permitir a compra de imunizantes autorizados por agências estrangeiras reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo que não tenham registro da Anvisa.

Em entrevista a CartaCapital, o economista e divulgador científico Thomas Conti, do Insper, afirmou que a matéria é “uma resposta à pressão do grupo de empresários em busca de uma saída fácil para os atrasos da imunização no Brasil”.

“Como foi embutida no projeto de lei uma cláusula provavelmente inconstitucional que permite ao setor privado importar e distribuir vacinas sem aprovação da Anvisa, acredito que o grupo empresarial que pressionou por esse projeto queira trazer uma vacina sem registro. Provavelmente a [indiana] Covaxin, que foi reprovada na inspeção de boas práticas produtivas da Anvisa”, disse.

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