CartaExpressa
Após escrever carta por Bolsonaro, Temer não vê riscos de nova escalada golpista
O ex-presidente, no entanto, não coloca a ‘mão no fogo’ por Bolsonaro: ‘Evidentemente não posso garantir o que vai acontecer’


Autor da nota divulgada por Jair Bolsonaro nesta quinta-feira 9, o ex-presidente da República Michel Temer (MDB) disse não ver riscos de uma nova escalada no discurso golpista do ex-capitão. A avaliação foi feita em entrevista ao jornal O Globo.
“Vi tanto entusiasmo nele, nas pessoas que se manifestaram e nas pessoas do governo, que eu não vejo risco [de nova tensão]”, avaliou o emedebista.
O ex-presidente, no entanto, não coloca a ‘mão no fogo’ por Bolsonaro: “Evidentemente não posso garantir o que vai acontecer”, acrescentou à análise.
Temer contou ainda novos detalhes dos bastidores que o levaram de volta a atuar no Planalto. Segundo relatou ao jornal, Bolsonaro ligou na quarta-feira 8 para pedir conselhos, após a repercussão negativa dos discursos. O ex-chefe do Planalto afirma, no entanto, que vinha desde segunda sendo pressionado por antigos aliados a intervir na crise criada pelo atual presidente e tentar apaziguar os ânimos.
“Muitas pessoas tinham me procurado dizendo que, como ex-presidente, uma voz moderada, tinha entrar nisso para ajudar a pacificar as coisas. E eu resolvi entrar”, contou.
Na quinta, o presidente enviou um avião para levar o antecessor a Brasília. Temer diz que já chegou com a nota praticamente pronta para ser assinada pelo ex-capitão, que só fez uma ou duas modificações.
Além de ter escrito a nota, novamente afirmou que intermediou uma conversa por telefone entre Alexandre de Moraes, seu indicado ao Supremo, e Bolsonaro.
O recuo no tom adotado na nota e a participação de Temer no atual governo não foi bem recebida por bolsonaristas.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Leão que não ruge vira gatinho’, reage Otoni de Paula após recuo de Bolsonaro
Por CartaCapital
Bolsonaro tenta justificar carta escrita por Temer: ‘A gente tá ganhando’
Por Getulio Xavier