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‘A inteligência precisa ser reformada’, dizem servidores da Abin em carta a Lula
O documento vem à tona em meio a investigações da PF sobre um suposto esquema de monitoramento ilegal durante o governo Bolsonaro


Servidores da Agência Brasileira de Inteligência defenderam a criação de um “novo marco normativo” para o órgão, em carta enviada ao presidente Lula (PT) nesta quarta-feira 31. A manifestação vem na esteira de operações da Polícia Federal que indicam o uso da Abin com fins políticos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
“O momento atual parece ter convencido a todos sobre o que já defendemos há anos: a Inteligência precisa ser reformada”, diz o documento, assinado pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin. “Precisamos definir, na lei, nossas atribuições e ferramentas de trabalho.”
A carta cita, entre outras necessidades, a criação de uma vara especial na Justiça e pede “controle ativo por parte do Congresso”. Em outro trecho, diz ser importante que a agência seja conduzida “por quem conhece seus meandros”, uma vez que a nomeação de pessoas sem experiência na área “fragilizam a atividade”.
“Dedicamos anos das nossas vidas à atividade, somos os brasileiros e as brasileiras certos para contribuir nesse desafio. A Inteligência precisa se profissionalizar e o único caminho para isso é valorizar seus profissionais”, destacaram os servidores. “A democracia não pode prescindir de uma agência de Inteligência republicana e eficaz”.
A investigação da PF mira a diretoria comandada por Alexandre Ramagem (PL-RJ) na Abin, durante o governo Bolsonaro. Na semana passada, o deputado federal foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Na última segunda-feira 29, foi a vez de o vereador Carlos Bolsonaro ter endereços visitados pelos investigadores. Ele é apontado como suposto integrante do núcleo político da chamada “Abin paralela”.
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