Levantamento conduzido pela Quaest para a CNN Brasil indica que 22% dos usuários que interagiram nas redes sociais sobre a viagem de Jair Bolsonaro à Rússia, nesta semana, acreditaram ou escreveram que ele foi responsável por um suposto recuo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.
A notícia falsa foi incentivada pelo próprio Bolsonaro. Um dia depois de o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles publicar a fake news – e depois recuar, sob a alegação de que se tratava de uma piada -, o ex-capitão declarou a jornalistas, em Moscou, na quarta-feira 16: “Mantivemos a nossa agenda e, coincidência ou não, parte das tropas deixou as fronteiras. Ao que tudo indica, a grande sinalização é que o caminho para a solução pacífica se apresenta no momento para Rússia e Ucrânia”.
Também na quarta 16, o ministro do Turismo, Gilson Machado, repetiu a insinuação: “O Brasil é um país historicamente conciliador. Sempre tivemos grandes exemplos de grandes diplomacias por outros presidentes, de problemas mundiais que conseguimos resolver. E foi um momento em que o presidente chegou lá e levou uma mensagem de paz para o presidente Putin. Graças a Deus, já foram retiradas as tropas e não se fala mais em guerra”.
À CNN Brasil, o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, analisou a disseminação da notícia falsa na bolha bolsonarista.
“O percentual de pessoas comentando o assunto e que defendem essa ideia é similar ao percentual de avaliação positiva que o presidente tem hoje nas pesquisas de opinião publicadas atualmente. O que sugere que a mesma proporção de eleitores que gostam do governo é similar também à proporção de usuários que defendem o presidente na internet”, afirmou Nunes.
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