UFSC repudia violência contra o MBL, mas classifica a ação do grupo como ‘invasão’

Segundo a universidade, a iniciativa de militantes do movimento caracteriza 'desconhecimento da realidade institucional'

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A Universidade Federal de Santa Catarina emitiu uma nota sobre a agressão sofrida pelo integrante do MBL João Bettega, na quinta-feira 13, após ele invadir um prédio da instituição para remover pichações sem autorização. A UFSC condenou a violência, mas classificou a atitude dele como “invasão” de “grupos organizados”.

Bettega, Gabriel Constenaro, Matheus Batista e Matheus Faustino viajaram a Florianópolis para “investigar” a universidade. O grupo tem gravado vídeos confrontando alunos da instituição e “expondo o esquerdismo”. Na terça-feira 12, eles invadiram um prédio parcialmente desativado onde membros do movimento estudantil se reúnem. Lá, os integrantes do MBL tentaram remover pichações sem autorização, ao mesmo tempo em que intimidavam alunos presentes.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais é possível ver o momento em que Constenaro ofende alunos que assistiam à intervenção não autorizada. Confira:


Sob a justificativa de que a tinta era insuficiente e de baixa qualidade, os quatro integrantes do MBL voltaram à universidade na quinta-feira 13 para pintar novamente o espaço, ocasião em foram impedidos de entrar por representantes do movimento estudantil. Após a entrada forçada, Bettega, Constenaro, Faustino e Batista se envolveram em um embate físico com alunos da instituição e foram expulsos das dependências da UFSC.

No texto divulgado nesta sexta-feira 14, a universidade informa que a Secretaria de Segurança Institucional conduz uma investigação sobre o episódio.

“A UFSC está tomando ciência de todo o acontecimento para tomar medidas cabíveis. Inicialmente, sabe-se que houve acesso e intervenções não autorizadas pela Instituição no prédio do Centro de Convivência, que está parcialmente inoperante e tem áreas sem condições de uso”, diz um trecho.

A nota também repudia a ação de “grupos organizados, externos à instituição, que promovem invasões a espaços educacionais e atitudes que claramente expressam o desconhecimento da realidade institucional”.

João Bettega, que não conseguiu se eleger deputado estadual no Paraná pelo Novo em 2022, foi condenado pela Justiça em maio deste ano por um vídeo em que ridiculariza um jovem autista de 16 anos.

Nas imagens, Bettega usa um boné do MST e se passa por um “jornalista de esquerda” para entrevistar militantes. Com uma edição recheada de cortes, o vídeo descontextualiza a conversa e sugere que o entrevistado seria desinformado e pouco articulado, com enfoque em trejeitos atípicos. A gravação foi retirada de todas as redes sociais e Bettega foi condenado por exposição indevida e não autorizada. O processo ainda tramita, em segredo de justiça.

Este não é o primeiro episódio midiático envolvendo Bettega. Em setembro de 2022, ele recebeu um tapa após tentar “cobrar” o deputado estadual bolsonarista Fernando Martins (Republicanos-PR) por gastos privados com aluguel.

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