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Brexit: acordo que pode gerar renúncia de May é votado no Parlamento

Nesta sexta-feira, o Parlamento Britânico deve votar mais uma vez se aceita, ou não, o acordo negociado pela primeira-ministra, Theresa May

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O Parlamento Britânico vota nesta sexta-feira 29 o acordo que a primeira-ministra, Theresa May, fechou com os europeus. Só que agora, sem a declaração política, que é o que lança as bases para a relação futura com a UE. Mesmo assim, esta será a terceira consulta sobre a validade do documento de quase 600 de páginas que foi discutido ao longo de dois anos.

Nas duas últimas votações, o acordo foi rejeitado, impondo derrotas importantes à primeira-ministra. Nem parlamentares, nem acadêmicos ousam prever o futuro do país nos próximos dias. O prazo original de dois anos para o divórcio seria hoje. Mas, diante de tantas incertezas, conseguiu-se uma prorrogação. A União Europeia concordou com uma pequena extensão. Mas com uma condição: os britânicos precisam aceitar o acordo de Theresa May.

Neste caso, o país terá até o dia 22 de maio para sair. Mas, se isso não acontecer, ou seja, se não o acordo não tiver o sinal verde dos deputados, o divórcio será litigioso e a data final para a separação é o dia 12 de abril. Este cenário tem assustado não apenas a classe política, que tem lidado com o tema de maneira desastrada, mas sobretudo a população, empresas e investidores. Sem um acordo, tudo pode acontecer.

Há muitos detalhes desta separação que ainda não foram acertados. No mundo dos negócios, empresários se dizem frustrados e afirmam que o governo falhou para o setor. O cidadão comum, por sua vez, está preocupado com uma porção de coisas. Se vai poder comprar frutas e legumes importados, ou se ele vai ficar preso nas burocracias da nova fronteira. Se vai poder usar seus telefones em viagem, ou o seguro de saúde válido em território britânico também valerá na Europa, ou se poderá cruzar o canal da mancha carregando seus animais de estimação.

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Novo referendo

No fim de semana passado, mais de um milhão de pessoas foi às ruas pedir um novo referendo. Há um abaixo-assinado circulando pelo país onde seis milhões de britânicos pedem outra consulta à população. Na semana passada, os parlamentares descartaram essa possibilidade ao rejeitar um projeto que previa novo referendo. Mas o tema sempre pode voltar à pauta e ser levado a voto novamente.

Não dá para saber quem estará no comando do país a partir dos próximos dias. Theresa May já disse que, se o acordo dela for aprovado, está disposta a renunciar. Isso poderia acalmar a ala mais radical do seu próprio partido, descontente com os rumos que tomou o Brexit, que aconteceu justamente em função de disputas dentro do partido conservador de May. Seu antecessor, o ex-primeiro-ministro David Cameron, é o grande responsável pelo que está acontecendo agora. Foi ele que decidiu realizar o referendo para acalmar as brigas internas do seu partido. Acabou surpreendido com o resultado.

Leia também: O que você precisa saber sobre a votação do Brexit

Cerca de 52% da população optou pelo Brexit. Os trabalhistas querem espaço. Querem uma nova eleição geral. Querem o poder. Seja quem for o próximo líder do governo, ele ou ela terá de lidar com um país dividido. Além disso, nesses dois últimos anos, o Brexit dominou a agenda política e de governo. Sobrou pouco espaço para se discutirem os problemas reais desse país, como as desigualdades crescentes, o sistema de saúde, a economia como um todo. Aliás, só com as incertezas do Brexit, a economia britânica já diminuiu o passo. E isso tem impacto sobre a vida do cidadão médio.

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