Existe uma cultura do golpe, mas não há condições para isso, diz Dilma

Presidenta justificou sentimento de estelionato eleitoral ao dizer que situação econômica mudou durante a campanha presidencial

Apoie Siga-nos no

A presidenta Dilma Rousseff rechaçou, nesta quarta-feira 12, em entrevista ao jornal SBT Brasil, a possibilidade de renunciar ao cargo por conta dos pedidos de impeachment no Congresso e em manifestações populares. Dilma afirmou que os protestos contra sua gestão são “normais”, mas criticou a “tentativa” de se criar um clima de “intolerância” no Brasil.

“Devemos evitar a intolerância porque a intolerância divide o País. Há um processo de intolerância como nunca visto antes no Brasil, a não ser no passado quando foi interrompida a democracia”, alertou ao lembrar do golpe militar de 1964. “A cultura do golpe existe ainda, mas não há condições materiais de ocorrer”, complementou ao responder o jornalista Kennedy Alencar.

A presidenta também falou sobre o sentimento de “estelionato eleitoral” na base social que a elegeu por conta de promessas de campanhas que não forma cumpridas. Dilma justificou dizendo que a situação econômica do Brasil mudou ao longo da campanha eleitoral. “Houve uma série de mudanças no cenário econômico do Brasil e do mundo, (…) que impactou principalmente os países emergentes. Quando a situação mudou, eu tive que mudar”, admitiu.

Sobre o ajuste fiscal, a presidenta respondeu que o Brasil estaria em situação “muito pior” caso essas reformas tivessem começado ainda em seu primeiro mandato. Mas defendeu que espera uma melhora da situação econômica até o começo de 2016.

A presidenta também comentou sobre o acirramento político na Câmara dos Deputados por conta do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A petista afirmou que o governo não está isolado e elogiou o trabalho do Congresso. No entanto, afirmou que é preciso “aumentar a consciência política”, sem citar Cunha. “No Brasil, o humor na política decorre do humor na economia, mas não é possível as ‘pautas-bomba’”, enfatizou.

Em seguida, ela comentou o acordo feito com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em torno da chamada “Agenda Brasil”, para minimizar a crise política no Congresso. Questionada sobre propostas polêmicas do peemedebista, como, por exemplo, a ideia de passar a cobrar pelos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), Dilma negou que o governo concorde com todas as ideias.


“Tem muita coisa boa nessa agenda e tem várias coisas que o governo eventualmente não concorda. Isso não significa que essa agenda não seja valorosa e uma boa iniciativa do Renan”, sinalizou. Por fim, Dilma se negou a falar da possibilidade do Congresso votar pedidos de impeachment contra ela e sinalizou que o governo pode fazer “reformas” quando foi questionada sobre um eventual reforma ministerial com redução do número de ministérios. 

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.