Midiático
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Noah: um filme como você nunca viu
Com uma narrativa de 17 minutos inteiramente rodada a partir de uma tela de computador, “Noah” junta forma e conteúdo digital com amor
Que as relações pessoais estão mudando com a internet você já sabe há muito tempo. Mas “Noah”, curta-metragem canadense exibido semana passada no Festival Internacional de Cinema de Toronto, exemplifica a máxima de uma forma poética e realista ao extremo. A partir de uma narrativa de 17 minutos inteiramente conduzida pela tela de um computador de um adolescente (com pequenas participações da tela de seu iPhone), “Noah” é um raro tipo de obra na qual o meio é também parte da história –tornando tudo mais real, interessante e aflitivo.
Me lembro da irritação de Clara Averbuck em uma conversa que tive com ela anos atrás. A escritora gaúcha lamentava-se pela milésima vez que alguém a classificara como “uma das escritoras da nova safra da internet” –ou algo que o valha. “Escritora é escritora, e texto é texto, não interessa a plataforma”. A frase dela não era exatamente essa, mas era o que queria dizer. É o mesmo quando alguém fala: “Filme X é incrível, foi inteiramente filmado com celulares”. A melhor resposta para esse comentário deveria ser: “e daí?”. Pode ser rodado com o que for, o que interessa é o conteúdo.
Achava que essa regra valeria para toda produção artística até assistir à incrível narrativa dramática-amorosa de Noah. Nunca foi tão tenso assistir a um mouse passeando pra lá e pra cá por cima de um botão do Facebook.
No filme dos estudantes canadenses de cinema Walter Woodman e Patrick Cederberg, forma e conteúdo se fundem e são ambos protagonistas de uma historieta de amor tão angustiante e (supostamente) fria como nossa rotina digital.
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