Midiático

Um olhar crítico sobre mídia, imprensa, internet e cultura pop.

Midiático

No ano, Dilma ‘apanhou’ 16 vezes mais que Aécio no Jornal Nacional

Segundo observatório da UERJ, cobertura da mídia tradicional é mais ‘dura’ com partido da presidenta do que com PSDB. Nos jornais, governo Alckmin tem 43 chamadas negativas e governo federal, 417

No ano, Dilma ‘apanhou’ 16 vezes mais que Aécio no Jornal Nacional
No ano, Dilma ‘apanhou’ 16 vezes mais que Aécio no Jornal Nacional
Presidenta foi mais criticada que Aécio no Jornal Nacional
Apoie Siga-nos no

São Paulo – O tempo que o Jornal Nacional dedicou a criticar a presidenta Dilma Rousseff é 16 vezes maior que o dedicado ao candidato tucano Aécio Neves. O cálculo é da equipe do Manchetômetro, observatório de manchetes dos meios de comunicação do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A base de dados cobre todo o ano de 2014, no qual é contado o tempo das notícias nas categorias favorável, contrário e neutro para candidatos, partidos, esfera de governo, enquadramento da política e da economia.

Até a edição de sábado (9), o jornal dedicou 82 minutos e 26 segundos com notícias contrárias à presidenta. Já a Aécio, apenas 5 minutos e 35 segundos. Em compensação, foram 7 minutos e 42 segundos de notícias favoráveis ao tucano e 3 minutos e 35 segundos a Dilma. No mesmo período, o candidato Eduardo Campos (PSB) apareceu por 34 minutos e 47 segundos em noticiário neutro.

O partido da presidenta (PT) também é o que mais apanha no mesmo período: 204 minutos e 31 segundos. O PSDB esteve em meio a notícias desfavoráveis por 78 minutos e 51 segundos.

A cobertura de instituições políticas, agências, empresas e políticas públicas, além de personalidades políticas brasileiras, é predominantemente negativo. O acompanhamento mostra que o noticioso gastou nove horas, 12 minutos e 36 segundos com coberturas contrárias ao governo federal, além de 929 minutos e 1 segundo com reportagens negativas na área de política e 182 minutos e 19 segundos no setor de economia.

Para o coordenador do Manchetômetro, João Feres Júnior, a contagem mostra que Dilma e seu partido ganham disparadamente mais tempo de notícias negativas do que seu principal concorrente. “Além disso, o tempo maior de notícias desfavoráveis em economia e política tem o objetivo de criar um clima de crise. Notícias boas, como a inflação zero no mês de julho, não foi noticiada”, diz.

De acordo com Feres Júnior, ao enquadrar a economia e a política negativamente, o veículo tenta influenciar a opinião pública. “Diante de um quadro tão negativo, as pessoas sem senso crítico são levadas a acreditar na necessidade de uma mudança urgente, no caso, trocar o que não está dando certo.”

A maior exposição da petista em noticiário desfavorável não tem relação direta com o fato de ocupar o cargo mais importante do país e por isso estar sob os holofotes da mídia por mais tempo.

Para o coordenador, esse “viés brutal” não se aplica ao candidato à reeleição ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “O acompanhamento dos principais jornais no estado, por período equivalente, mostra 417 manchetes de capa desfavoráveis a Dilma e apenas 43 contrárias ao governo estadual paulista. É uma proporção de 10 pra 1”.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo