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House of Mãe Joana: Weintraub está de olho em uma vaga no estábulo

A Banana Republic Original Series (ou o resumo semanal do hospício, porque este Brasil deixou de ser sério faz tempo)

Weintraub está de olho em uma vaga no estábulo. Foto: André Borges/MEC
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Monarquia ou morte! No surrealista episódio desta semana, a tentativa de restauração da dinastia de Bragança no Brasil. De olho na coroa, Jair Bolsonaro pede em noivado o príncipe Luiz Philippe, enquanto Abraham Weintraub reivindica ser promovido de bobo da corte a cuidador do estábulo real. Líder do governo no Congresso, o deputado André Moura ousou celebrar a proclamação da República, mas, no lugar do tradicional retrato de Deodoro da Fonseca, optou por utilizar na homenagem uma tela a representar  o grito da Independência de Dom Pedro I. Não bastasse, durante um protesto contra o Supremo Tribunal Federal, houve quem batesse continência para a Estátua da Liberdade… do Véio da Havan.

 

Depois de imitar os passos de Gene Kelly na chuva e declarar-se um ávido apreciador da culinária árabe, Abraham Weintraub fez uma apaixonada defesa da restauração monárquica em 15 de novembro, enquanto os “golpistas” celebravam a Proclamação da República:

Depois de imitar os passos de Gene Kelly na chuva e declarar-se um ávido apreciador da culinária árabe, Abraham Weintraub fez uma apaixonada defesa da restauração monárquica em 15 de novembro, enquanto os “golpistas” celebravam a Proclamação da República:

Ninguém entendeu a livre associação de Lula com o enredo, mas uma astuta internauta antecipou-se em arrumar uma utilidade para Weintraub no novo regime:

“Se voltarmos a monarquia, certamente você será nomeado bobo da corte!”

Contrariado, o ministro reivindicou outro posto mais adequado à sua natureza que a Esplanada:

“Uma pena, prefiro cuidar dos estábulos, ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”

Os militares reagiram à altura. Sob anonimato, em reportagem publicada pelo O Estado de S.Paulo, generais e outros oficiais das Forças Armadas lamentaram o episódio e disseram que Weintraub é o ministro da “falta de educação”. Onde já se viu ofender a memória de Deodoro…

Ao que tudo indica, Weintraub apenas queria fazer média com o chefe. Há tempos Bolsonaro demonstra inesperada vocação cortesã. No fim de outubro, disse ter “certa afinidade” com o príncipe Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, além de vangloriar-se da agradável tarde passada com o herdeiro da corte saudita. Agora, segundo Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo, o ex-capitão estaria arrependido do casamento com o general Hamilton Mourão, e admitiu isso ao “príncipe” Luiz Philippe de Orleans e Bragança, herdeiro da coroa brasileira, não fosse a Proclamação da República em 1889:

“Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí. Eu casei, casei errado. E agora não tem mais como voltar atrás”

O tucano Alexandre Frota, deputado e ex-ator pornô, veio a público esclarecer que Bolsonaro desistiu de indicar Luiz Philippe após receber fotos comprometedoras dele.

“Perguntei: ‘Que fotos?’ [Bolsonaro] disse que depois me mostraria, mas me perguntou se eu sabia se o príncipe era gay ou não. Eu disse que não sabia”

Luiz Philippe de Orleans e Bragança se diz vítima de um dossiê falso:

“Não sou gay nem sei onde é que faz suruba gay. Mas, enfim, talvez isso até me ganhe vários pontos aí com a comunidade LGBT”

Depois da gafe, André Moura substituiu Dom Pedro I por Deodoro

O deputado André Moura, por sua vez, saiu em defesa dos republicanos, pero no mucho. O texto saudava a Proclamação da República, mas a imagem retratava Dom Pedro I ao declarar a Independência do Brasil, aquela que o povo assistiu bestializado, sem nada entender…

Em meio aos protestos bolsonaristas contra o Supremo, uma comovente manifestação de patriotismo. Com a música do Exército ao fundo, um grupo de verde e amarelo prestou continência à estátua da Havan, a rede de lojas de Luciano Hang:

“Essa é pra você, Gilmar Mendes! Aqui tem dono, meu amigo!”

Patriótica homenagem à estátua da Havan

O causo foi descrito por Ascânio Saleme, colunista do jornal O Globo. Carlos Bolsonaro, vereador federal e filho 02 do presidente, avistou um grupo discutindo a Revolução Russa em uma livraria na Barra, no Rio de Janeiro, e foi tirar satisfações com um funcionário:

“Desde quando vocês dão aula de comunismo aqui?”

Mesmo após o esclarecimento de que o evento era um ciclo de estudos sobre grandes revoluções da história, Carluxo não se deu por satisfeito. Repetiu a pergunta para o segurança da livraria. Desapontou-se outra vez:

“Não se trata de aula de comunismo, senhor, mas de um debate sobre revoluções”

A real dúvida permanence sem resposta: o que fazia 02 em uma livraria?

Foto: Renan Olaz/CMRJ

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