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Até tu, Dudu? Filho de Bolsonaro apoia a liberação do canabidiol

Candidato a embaixada brasileira em Washington, Eduardo Bolsonaro defende importação livre de medicamentos produzidos nos EUA

Ilustração: Felipe Navarro
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Agora que a Anvisa está prestes a dar um passo importante na legalização da maconha medicinal, setores conservadores defendem a liberação do canabidiol importado. Quem diria que a campanha pelo comando da embaixada brasileira nos EUA, capitaneada pela família Bolsonaro, iria atravessar o rumo da legalização da cannabis no Brasil?

Eduardo, o “zero três”, deputado federal pelo PSL-SP, se posicionou a favor de um projeto de lei que torna automática a autorização para importação de medicamentos aqui no País que já forem aprovados por autoridades sanitárias como a americana. Com isso, a agência reguladora nacional tem sua função ferida. E, caso o projeto seja aprovado, apesar do canabidiol gringo poder estar mais disponível, os brasileiros estarão mais afastados da possibilidade de legalização completa da erva.

A verdade é que nenhum dos dois caminhos abarca o uso recreativo ou automedicamentoso da cannabis. A Anvisa prevê uma regulamentação que favorece empresas produtoras do remédio em território nacional, deixando aberta a possibilidade de importação, tanto do insumo para produção quanto do medicamento em si. Desta maneira, seria possível gerar emprego e renda, pois avalia-se que 13 milhões de brasileiros poderiam se beneficiar da maconha medicinal, segundo William Dib, presidente da Anvisa.

Já o que defende Eduardo Bolsonaro, endossado por outros deputados do PSL, como o General Peternelli e Carla Zambelli, aprova a venda de remédios à base de cannabis que já são liberados nos EUA. A medida vai na direção do que defendem os ministros da Cidadania, Osmar Terra, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que sonham com a importação da “cannabis sintética”, produzida em laboratório, evitando assim o plantio por aqui.

Parece que o governo Bolsonaro não quer, de forma alguma, entrar para a história como aquele que legalizou o uso médico da maconha no Brasil. Para isso, está disposto a aceitar o lobby da indústria farmacêutica internacional, que está de olho aberto quanto ao mercado milionário que representa a nação brasileira. Como é impossível negar os avanços da medicina canábica, a saída à direita seria abrir a importação do que já foi regulado e está sendo vendido pelos gringos. Afinal, para que estudar e produzir ciência, além disso gerar oportunidades de trabalho e incremento da economia local, não é mesmo?

Legalização da maconha comercial

Por ambas as vias, o que se vê orquestrado, na verdade, é a legalização da maconha comercial. Estima-se que cerca de 20 empresas já estejam preparadas para pedir a autorização da Anvisa caso o projeto de legalização da cannabis medicinal seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A HempMeds Brasil, a primeira empresa autorizada pela Anvisa a importar os produtos à base de cannabidiol para cá, já anunciou uma parceria com a plataforma Dr. Cannabis. Trata-se de um sistema de marketplace funcionando no ambiente online que serve para facilitar o acesso de pacientes a médicos e remédios feitos a base de cannabis.

A demanda de pedidos de autorização para importação dos medicamentos com CBD não para de crescer, o que impulsiona a urgência por uma regulamentação do setor. Se depender da Anvisa, o Brasil deve, em breve, começar a importar e produzir, em território nacional, sob forte controle de produção, os medicamentos, óleos e outros derivados medicinais oriundos da cannabis. Mas pelas mãos do atual governo e seus representantes, não haverá nada de jardins por aqui. O remédio deve ser importado diretamente pelo paciente ou através de alguma empresa já licenciada para importação. Seja como for, as portas para a maconha medicinal comercial estão em contagem regressiva para serem abertas, custe o que custar.

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