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Marta, a primeira mulher homenageada na calçada da fama no Maracanã

O que é mais simbólico: o reconhecimento ou a demora para isso?

(Foto: Fernando Frazão)
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O que é mais simbólico: o reconhecimento ou a demora para isso? Até a semana passada, apenas homens constavam nas homenagens da Calçada da Fama do Maracanã. Marta, eleita por seis vezes a melhor jogadora do mundo pela Federação Internacional do Futebol (FIFA), foi a primeira mulher a deixar sua marca.

A homenagem, que aconteceu na última segunda-feira (10),  vem acompanhada de duas questões a serem pensadas: o reconhecimento que o futebol feminino vem recebendo neste ano e a demora para uma mulher alcançá-lo no ‘’País do Futebol”.

Com pequenos, mas importantes passos,  o país de Pelé, Zico e Garrincha, vem pouco a pouco, se tornando o país de Marta também.

Além de deixar os seus pés gravados na Calçada da Fama, a jogadora ganhará um espaço destinado à sua carreira e conquistas  no “Maracanã Tour”, que será inaugurado em breve.

A camisa 10 da Seleção também deixou o seu registro no chamado Livro de Ouro do Maracanã. “Uma grande honra deixar essa mensagem no livro do templo do nosso futebol. Obrigado pelos momentos fantásticos vividos aqui”, escreveu.

É inegável o avanço na valorização do futebol feminino no Brasil nos últimos meses. Este foi foi marcado por primeiras vezes. Primeira vez que uma mulher coloca o seu pé na Calçada da Fama do Maracanã oficialmente. Primeira vez que a CBF premia as melhores jogadoras do Campeonato Brasileiro. Primeira vez que a televisão aberta compra os direitos de transmissão da Copa do Mundo Feminina e transmitirá o Mundial do ano que vem.

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São esses pequenos passos que movem os sonhos de tantas meninas das categorias de base.

Marta é um espelho para muitas delas e ver a maior jogadora de todos os tempos, finalmente, ser reconhecida desta forma, dá cada vez mais esperança.

A Rainha sabe do seu peso dentro e fora das 4 linhas e espera servir de incentivo não apenas para o futebol feminino, mas para todas as mulheres.

“Toda homenagem a gente fica emocionada, porque é um passo à frente que estamos dando. É importante demais, porque a gente incentiva as mulheres a lutarem pelo seu espaço em todas as áreas e, sem dúvida, isso tem motivado cada uma delas a seguir lutando dentro deles. Fico feliz por isso (estar na calçada da fama) ser no meu país, que é considerado o país do futebol e a gente está a cada dia dando passos para frente em busca do nosso espaço, e isso me faz feliz”, declarou Marta durante o evento.

Apesar disso, a atual jogadora do Orlando Pride se tornou a 102ª pessoa a deixar sua marca no estádio. Quando se pensa nesses números, é ainda mais gritante a diferença de gênero presente no futebol brasileiro. 101 homens foram homenageados, enquanto apenas uma mulher foi convidada em mais de 15 anos de Calçada da Fama.

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A camisa 10 da seleção brasileira já teria sido homenageada em 2007, depois de ter conquistado a medalha de ouro no Pan. O molde, porém, teria sido perdido nas obras para a  Copa do Mundo.

Só 11 anos depois a convidaram novamente. Enquanto isso, ela foi eleita a melhor jogadora do mundo em 2008, 2009, 2010 e 2018; além de 2006 e 2007.

Marta também atingiu importantes números: marcou mais gols em Copa do Mundo do que Pelé. A jogadora passou da marca dos 100, enquanto o rei do futebol, marcou 95 vezes.

Esses dados não são para dizer que Marta é melhor que Pelé ou algo do tipo, mas para questionar: Se fosse um homem a superar a marca do rei do futebol, quanto tempo levaria para ele ser homenageado na Calçada da Fama?

Se não fosse a Marta, quanto tempo a mais levaríamos para ter uma mulher na Calçada da Fama do Maracanã? Quanto tempo levaríamos, se não fossem os seus 6 prêmios individuais da FIFA que, provavelmente, pesaram? Quanto tempo levaremos para ter outra mulher com os pés gravados em um dos mais importantes estádios do mundo?

A gente vê como avanço, e sim, isso é importante e fundamental para o futebol feminino. Entretanto, reconhecer uma mulher que é 6 vezes melhor do mundo, é quase que uma obrigação e cá entre nós, já tinha passado da hora.

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