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A Chapecoense me ensinou

Gostar de futebol é aprender uma lição a cada partida, mas nada comparado ao que a dor de uma perda como a da Chape pode ensinar

Chapecó -Debaixo de muita chuva e sob forte emoção, desembarcaram os corpos das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense na Arena Condá (Beto Barata/PR)
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Há dois anos, vivi uma das maiores dores que o futebol me ensinou. Nenhum título perdido, nenhuma derrota que se confirmou nos segundos finais, foram tão dolorosas do que a notícia da tragédia da Chapecoense. Senti as lágrimas escorrerem pelos meus olhos, e um aperto no coração. Nunca na minha vida havia sentido uma tristeza e um vazio tão grande. O futebol já havia me ensinado algumas lições… aceitar o título perdido, entender que o resultado do nosso esforço pode levar algum tempo para aparecer. Mas esta lição, não estava no enredo.

Neste mesmo dia, vi meu pai chorar pela segunda vez. E num abraço apertado, lembrei das 71 famílias, que estariam se abraçando no mesmo instante que nós. O mundo também chorava e se abraçava pela Chapecoense, mostrando que, para ter empatia, não é preciso ser apaixonado por futebol. A Chape mostrou que um time pode se transformar em uma família. E que apesar dos momentos difíceis, ressurge e mostra a força que tem.

O aprendizado veio assim, como um soco no estômago, e foi através das palavras de Neto, um dos sobreviventes da tragédia, que refleti sobre tudo o que a Chape nos ensinou: “Não esperem um avião cair para dizer “eu te amo”, para pedir perdão, para dar um abraço, para dar um beijo. Você tem a oportunidade todos os dias de fazer diferente, de fazer o amor”, disse ele, em abril de 2017, meses após a tragédia.

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Ser apaixonada por futebol é aprender uma lição a cada partida. Mas com a dor da perda, Neto me ensinou que nunca é tarde para dizermos que amamos alguém, ou simplesmente agradecer pelas pessoas que temos ao nosso redor. A vida é um pouco clichê quando falamos isso. Mas são em momentos como este que vemos o quão rico somos. Ricos por termos amor e saúde, por podermos dar um abraço em alguém que amamos, e até mesmo, perdoar a quem deixou cicatrizes profundas em nosso coração.

A Chapecoense me ensinou a ser mais humana, e dar valor às pessoas que fazem parte da minha vida. A dizer “eu te amo” sem nenhum motivo, a ser grata pelos momentos difíceis e as pessoas que estiveram ao meu lado. Também me ensinou a não guardar rancor e que nem sempre a pessoa que amamos estará na nossa vida, às vezes, elas apenas fazem parte de um pequeno capítulo da nossa história para nos ensinar o que devemos aprender. E que não devemos nos sentir culpados por isso.

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Os guerreiros lançaram as suas últimas flechas e, além da saudade, nos deixaram grandes lições que devemos levar conosco. E você, já disse “eu te amo” hoje?

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