Diálogos da Fé

Blog dedicado à discussão de assuntos do momento sob a ótica de diferentes crenças e religiões

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Existem coisas mais importantes que a política

‘O meu cerne neste bate-papo é sobre a nossa negligência em relação a tantas vidas que se foram’, escreve Atilla Kuş

Passamos a ter média diária perto das 3 mil mortes por dia. Foto: MICHAEL DANTAS / AFP Cemitério em Manaus. Foto: MICHAEL DANTAS / AFP
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Sem sombra de dúvida, estamos vivendo um conjunto de tremendas crises. Por um lado, a crescente crise sanitária e, por outro, uma crise política que parece que não chegará a uma solução.

Infelizmente, o negacionismo quanto à crise da Covid-19 já nos tirou mais de 300 mil vidas em um ano. A falta de cuidados – tanto individuais quanto coletivos – e de medidas, as preferências de pautas e sobretudo a insuficiência no apoio à sociedade nos levaram a pagar custos muito altos durante esta crise.

No momento, o sistema de saúde está quase colapsando devido ao crescente número de casos. Porém, a constante mudança de pautas faz com que por instantes ou definitivamente desviemos a nossa atenção a outros acontecimentos.

No último bate-papo nosso, conversamos sobre a política como uma religião. Aliás, a política é uma religião que possui várias vertentes que muitas vezes são opostas umas às outras. Gostaria que o querido leitor considerasse essa conversinha infelizmente monologa como uma continuidade da anterior.

A última semana do mês de março foi marcada por vários acontecimentos no Brasil. Trocas de ministros, renúncia coletiva de comandantes das Forças Armadas e, como sempre, recordes de mortes causadas por Covid-19.

Passamos a ter média diária perto das 3 mil mortes por dia. É triste realidade que estamos vivendo e que é causada por nós mesmos. Havíamos dito, querido leitor, que as nossas adesões políticas estão sobressaindo às demais preferências nossas – inclusive àquelas que dizem respeito a vida humana. Por causa destas adesões, nós, seres humanos “modernos”, estamos sendo capazes até de negligenciar o sofrimento do outro que não é um de nossos. Assim foi a nossa preferência de pautas na última semana em que, entre tantas coisas, as mortes por Covid-19 ficaram em terceiro ou quarto plano. Como sempre, a política ocupou o primeiro lugar nos jornais, revistas, programas de TV etc.

Não quero ser mal entendido. É claro que todas aquelas ocorrências continham perigos à democracia e a composição pluralista do Brasil. Ah! Sim, nas conjecturas contemporâneas, a democracia serve de uma quase garantia de vida humana. Isso, sem sombra de dúvidas. Por isso, tudo que pode trazer perigos à democracia – seja de quem for – deve ser repudiado e intolerado, pois tolerar o intolerante é abrir espaço para as suas ações bélicas e consequências tremendas.

Porém, meu querido leitor, o meu cerne neste bate-papo contigo é sobre a nossa negligência em relação a tantas vidas que se foram. Como já havíamos falado, a política é uma religião que tem seu ritual sacrificial. Novamente, esse ritual se realizou com morte de 3 mil pessoas por dia em média.

O que devia, e ainda pode, ser feito é manter o nosso foco em como podemos superar esta crise humanitária. Uma das principais providências foram antecipações de feriados. Porém, precisamos entender que o isolamento de somente dez dias é pouco para se enfrentar uma tamanha crise. Cabe àqueles que governam o País oferecer auxílios econômicos maiores ao povo para que não seja necessária a circulação daqueles que têm de ir à rua para ganhar o pão de cada dia. Isso é possível num lugar onde os líderes tirar férias de custo milionário. Não estamos mais naqueles tempos em que Maquiavel dizia que “o príncipe deve ser antes temido que amado”.

Os tempos se passaram. Hoje em dia, o príncipe deve se fazer antes amado que temido, pois, como dizia também o mesmo Maquiavel, “o príncipe que quiser se manter no poder, deve ser amigo do povo”. Esta amizade, neste momento, passa pelas providências que acabem com esta crise assoladora.

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