Diálogos da Fé

Blog dedicado à discussão de assuntos do momento sob a ótica de diferentes crenças e religiões

Diálogos da Fé

Ao bom velhinho

Ninguém solta a mão de ninguém

Enfeite de Natal (Foto: Pixabay)
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Ontem nossa família esteve reunida, digo nossa por que o senhor sabe que tem parentes sanguíneos (que estavam presentes), mas tem milhares de filhos, irmãos, mães, pais, noras, genros, todos do coração.

Reunimo-nos para brincar de amigo oculto, mas tinha um amigo ali, naquela sala, que embora não estivesse presente, era o mais revelado e em homenagem a esse amigo, em alguns momentos, puxamos coro por sua liberdade.

Seus netos são adoráveis, também teve a quem puxar. Pais e avós exemplares.

Mas gostaria de aproveitar a oportunidade para me desculpar.

Tive que usar aquela travessa da moqueca que eu fiz para o senhor para servir os convidados – eu tinha prometido a mim mesmo que não a usaria por nada, até o senhor estar novamente com a gente. Não sei se sabe, mas a moqueca ganhou o seu nome.

Gostaria que me perdoasse também por durante a sua prisão, eu estar fora do Brasil, em Angola – lhe disse que iria em nosso último encontro.

A propósito, o povo angolano te ama tanto quando nós. Oramos juntos por sua liberdade e como gratidão, mandaram alguns presentes, que mantenho guardado e espero lhe entregar em breve. O escritor angolano Ondjaki lhe mandou dois livros, por que sabe que o senhor tem lido muito durante esses dias.

Eu fiquei conhecido por lá como o cozinheiro do presidente, embora eu só tenha cozinhado uma única vez para o senhor. Eu gostava do título.

Ainda não consegui visita-lo fisicamente, mas toda noite, nas minhas orações, é como se eu estivesse ao seu lado, ouvindo as suas histórias e até lhe contando alguns causos, enquanto observo seu sono.

Cheguei até sonhar que Dona Lindu e Dona Marisa, juntas, mas em outro plano (onde as leis humanas não regem), organizavam uma grande corrente de oração pelo senhor.

Alguns irmãos e irmãs religiosos estiveram aí com o senhor e toda vez que um vai, é como se um de nós estivesse ido também.

Após as eleições, combinamos que ninguém soltaria a mão de ninguém e isso tem se intensificado, em vários lugares e em várias frentes, incluindo as religiosas.

Mantenho sob minha mesa de trabalho a nossa foto, como símbolo de resistência, mas também como forma de tê-lo por perto.

Tudo que é desenvolvido pelo ser humano foi antes uma criação mental.

Leia também: O Messias

O que somos, atraímos, vivenciamos, muitas vezes são respostas à nossa mente.

E como é difícil decifrar a mente humana. Mesmo profissional da área, não consigo entender ou explicar determinados comportamentos.

Em relação à minha comunidade de fé, nós, espíritas acreditamos que o pensamento é vida e que podemos por meio dele abençoar ou maldizer, curar ou adoecer.

Sei que deve ser bem difícil manter bons pensamentos sendo vítima de uma das piores injustiças cometidas contra alguém. Mas ninguém atira pedra em árvore que não produz (bons) frutos, não é mesmo?

Gostaria de recorda-lo que, historicamente, sempre fizeram isso com nossas lideranças: Mandela, Jesus, Olga Benário, Gandhi, Luther King, Barbara de Alencar, Tereza de Benguela.

Acreditam que dessa forma eliminam as suas ideias, mas esquecem que essas ideias, de justiça social, solidariedade e bem viver, permanecem vivas em nós.

Lula agora é uma ideia. Um horizonte. Somos milhares de Lulas.

Querido presidente Lula, que o aniversariante deste mês, aquele menino pobre, refugiado, sonhador, líder energicamente amoroso, e também perseguido, caluniado, exposto, envergonhado, mas que se tornou um exemplo de resistência e de bom combate, possa estar sempre com o senhor. Amparando, abençoando, intuindo e dando forças para (r)existir.

Tenha certo que milhares de brasileiros, na noite que celebra um dos momentos mais importantes para nós cristãos – o nascimento do Cristo de Deus -, estarão com o senhor em espírito e verdade.

Jesus esteja convosco.

Lula livre.

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