Política
A arte brasileira grita por Lula livre
Do festival no Rio às intervenções do trompetista Fabiano Leitão e do chargista Pxeira, os artistas se posicionam, como na ditadura
Em 1968, o Brasil assistia à publicação do Ato Institucional nº 5, que concedia ao poder militar a possibilidade de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão, proibia manifestações populares de cunho político e permitia censuras prévias aos meios de comunicação.
Infelizmente, o poder econômico atuante na política brasileira nos levou, 50 anos depois, a uma situação similar. Embora sem o tom explícito da ditadura formal, vivemos tempos de ruptura democrática, cuja ilegalidade é disfarçada por um Judiciário que, sem qualquer pudor, rasga a Constituição Federal ao manter preso, sem provas e sem trânsito em julgado, o maior líder popular da história do Brasil e o líder em todas as pesquisas sobre a eleição presidencial de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Entretanto, do mesmo modo que há 50 anos a censura oficial não impediu o engajamento artístico como reação a tamanha vilania, tampouco a repressão protagonizada hoje por agentes do Estado e pelos meios de comunicação dominantes consegue impedir movimento semelhante.
Leia também:
Diretor da PF diz que não soltou Lula por ligação de presidente do TRF4
Mesmo sem a cobertura da mídia corporativa, o Festival Lula Livre reuniu mais de 80 mil espectadores no Rio de Janeiro no último 28 de julho. Dezenas de artistas e intelectuais cantaram e embalaram o público nos Arcos da Lapa motivado pelo retorno da democracia e pela liberdade do ex-presidente Lula.
Para além dos eventos de massa, outros artistas têm se destacado cotidianamente pelo trabalho de denúncia do golpe de 2016 e de toda a perseguição contra Lula e a esquerda em geral. Em Brasília há dois deles: o músico Fabiano Leitão, mais conhecido como Trompetista Vermelho, e o chargista Daniel Pxeira.
Leitão ganhou notoriedade em todo País graças à ousadia que o leva a “invadir” as transmissões da Rede Globo e outras emissoras com o som do trompete entoando a histórica melodia lulista: “Olê, olê, olê, olá! Lu-la! Lu-la!”.
Pxeira, sociólogo e artista popular de várias facetas, usa as charges para apontar as injustiças cometidas contra o presidente Lula e o povo brasileiro, que resiste à marcha neoliberal que destrói os direitos e o patrimônio erguido pela sociedade ao longo de décadas de luta.
O retorno de milhões de família à extrema pobreza, a brutalidade do feminicídio e de mortes de líderes populares, como Marielle Franco, são alguns temas retratados nas charges de Pxeira, famosas nas redes sociais e nas manifestações de ruas.
Pxeira e Fabiano nos relembram o que Chico Buarque, Henfil e tantos outros artistas nos mostraram há 50 anos: não há poder capaz de calar a indignação da arte.
* Deputado federal (PT-RS) e líder do partido na Câmara
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.