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Congresso recebe campanha mundial pelo fim das queimadas na Amazônia

Senadores e deputados recebem 4,5 milhões de assinaturas coletadas em mobilização para que aumento dos incêndios florestais seja investigado

Congresso recebe campanha mundial pelo fim das queimadas na Amazônia
Congresso recebe campanha mundial pelo fim das queimadas na Amazônia
Senadores recebem abaixo-assinado e pressionam o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a abrir CPI das Queimadas (Foto: Assessoria Senador Alessandro Vieira)
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O Congresso Nacional recebeu, nesta quarta-feira 4, uma campanha mundial que reuniu em apenas 13 dias 4,5 milhões de assinaturas pedindo a instalação de uma comissão para investigar as causas do aumento das queimadas na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. O abaixo-assinado, aberto na plataforma Change.org pelo jovem advogado acreano Gabriel Santos de Souza, de 25 anos, foi entregue a cinco senadores, ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a outros deputados federais.   

Criada no dia 20 de agosto, a campanha, que já é a segunda maior hospedada no Brasil, começou a viralizar depois que partículas de fumaça das queimadas florestais se misturaram com uma frente fria e se espalharam pelo Brasil, chegando até São Paulo, o que causou o escurecimento do céu no meio da tarde. A petição ganhou repercussão internacional, com tradução para cinco idiomas – inglês, francês, espanhol, alemão e russo.  

Depois de reunir 4,5 milhões de apoiadores em mais de 20 países, o advogado Gabriel levou a mobilização até o Congresso Nacional, pedindo que os parlamentares tomem providências práticas para investigar as queimadas. Segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto uma área correspondente a 4,2 milhões de campos de futebol – 29.944 km² – foi queimada na Amazônia. O dado é o maior desde 2010. 

“Esse nosso abaixo-assinado reforça o clamor da sociedade dentro do Congresso Nacional”, comenta o autor da petição sobre o engajamento de milhões de cidadãos na campanha. Durante a manhã de quarta-feira 4, o abaixo-assinado foi entregue pelo jovem advogado acreano ao presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES), e a outros quatro senadores – Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Leila Barros (PSB-DF) e Jean Paul Prates (PT-RN). 

“Os senadores estão fazendo a sua parte. As assinaturas da CPI já foram colocadas. Falta uma pessoa fazer a sua parte: o senador Davi Alcolumbre”, comentou Alessandro Vieira enquanto recebia a petição. “O presidente do Senado tem que colocar em pauta aquilo que ele se comprometeu a fazer: respeitar a vontade do cidadão”, acrescentou o senador em referência a um pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) já assinado pela quantidade necessária de senadores, que agora depende de Alcolumbre para andamento. 

Na terça-feira 3, durante sessão plenária, o senador Alessandro e o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cobraram diretamente Alcolumbre para que a proposta de CPI seja pautada. “Considero fundamental a instalação dessa CPI para investigar as razões que levaram à tragédia que se abateu e se abate em nossa região em decorrência da ampliação do desmatamento e da ampliação dos focos das queimadas”, disse Randolfe. 

Avanço na Câmara dos Deputados 

Gabriel levou a mobilização até Brasília e foi recebido pelo presidente da Câmara (Fotos: Arquivo pessoal e Yahisbel Adames/Change.org)

A movimentação foi bem positiva, fomos recebidos por alguns senadores e eles têm se mostrado bastante ativos a essas demandas que a sociedade brasileira tem feito em apelo à Amazônia. Infelizmente o presidente do senado, Davi Alcolumbre, não nos recebeu”, destacou Gabriel. Na Câmara dos Deputados, porém, o advogado foi recebido pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia, e por outros deputados, saindo do encontro com uma importante vitória à causa. 

Após receber os 4,5 milhões de assinaturas da campanha em defesa da Amazônia, Maia criou uma comissão externa para avaliar e monitorar as políticas públicas ambientais. “Foi uma vitória importante”, declara o líder da campanha. “Agora a gente pode acompanhar de perto os impactos não só ambientais, mas também econômicos e sociais do desmonte das políticas públicas ambientais que vêm sendo praticadas no Brasil”, completa Gabriel.    

O documento, assinado pelo presidente da Câmara ainda na noite de quarta-feira 4, destina a comissão a avaliar a qualidade de execução das políticas públicas ambientais e seus impactos socioeconômicos, com o objetivo de propor políticas para a integração do meio ambiente e da economia nacional, acompanhando os trabalhos dos ministérios do Meio Ambiente, da Economia, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e das Relações Exteriores. 

Para Gabriel, a comissão irá tratar do “desmonte das políticas socioambientais que vem acontecendo no Brasil”, oferecendo um esclarecimento à sociedade. A comissão será coordenada por Daniel Coelho (Cidadania-PE) e composta por outros 13 deputados. “A gente espera que essa pressão popular faça as coisas andarem”, finaliza o advogado acreano. 

O abaixo-assinado de Gabriel segue aberto na plataforma Change.org, onde já recebeu assinaturas vindas de diversos países, entre eles Inglaterra, Estados Unidos, Espanha, Peru, México e Chile. A campanha online faz parte do movimento #AmazonDefenders, que conta com 50 petições e 12,7 milhões de assinaturas em defesa da Floresta Amazônica. 

A gestão da política ambiental no governo de Jair Bolsonaro vem sofrendo uma série de críticas no mundo todo, tendo no centro da questão o aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia. A postura do governo federal na área fez com que países retirassem, por exemplo, o financiamento de projetos voltados à proteção da floresta. 

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