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Câmara dos Deputados debaterá taxação dos livros em audiência pública

Discussão voltou à tona depois que a Receita Federal defendeu que os livros perdessem a isenção tributária pois quem lê são os mais ricos

Câmara dos Deputados debaterá taxação dos livros em audiência pública
Câmara dos Deputados debaterá taxação dos livros em audiência pública
Projeto quer taxar os livros em 12% pela Contribuição de Bens e Serviços (Foto: Jefferson Peixoto/Secom)
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A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados debaterá, às 9 horas da próxima segunda-feira 26 a taxação do livro e o direito à educação e à cultura. O debate acontecerá em uma audiência pública online e contará com a participação da universitária Julia Bortolani, 18, uma das leitoras assíduas que lançaram o movimento #DefendaOLivro e reuniram mais de 1,4 milhão de apoiadores em um abaixo-assinado hospedado na plataforma Change.org

A audiência foi solicitada pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RJ), que é coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita, em conjunto com Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Glauber Braga (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP). 

Além de Julia, também deverão participar membros de três entidades do setor livreiro e a diretora-executiva da Change.org Brasil, plataforma que hospeda o abaixo-assinado, Monica Souza. Ainda foram convidados representantes dos ministérios da Educação e da Cidadania e o secretário especial da Receita Federal do Brasil, José Barroso Tostes Neto. 

Será a primeira vez que a Câmara debaterá o tema publicamente. No começo do mês, a discussão sobre a proposta de taxação dos livros voltou à tona depois que a Receita Federal defendeu, em um documento, que os livros poderiam perder a isenção tributária porque são mais consumidos por famílias com renda superior a 10 salários mínimos. 

“As pessoas se importam, sim, com esse assunto e, se muitas vezes o brasileiro é acusado de ler pouco, isso se deve à falta de oportunidade e não de vontade”, aponta Julia. “Nós nunca imaginamos que íamos chegar a 100 mil assinaturas, mas chegamos a 1 milhão. É necessário usar de mecanismos, como uma petição, por exemplo, para unir forças e mostrar o tamanho dessa luta”, completa a jovem sobre o impacto do abaixo-assinado em defesa do livro. 

Pela proposta de reforma tributária, apresentada pelo governo federal, os livros, que hoje são isentos de impostos pela Constituição Federal de 1988 e, desde o ano de 2014, têm alíquota zero de PIS/Cofins, passariam a ser taxados em 12% pela Contribuição de Bens e Serviços (CBS). Além deste projeto de lei (PL 3887/2020), a reforma também é discutida no Congresso Nacional por meio da PEC 45, que, por outro lado, mantém a imunidade do livro. 

Ao requerer a audiência, os deputados solicitantes destacaram que o acesso ao livro e à leitura constitui aspecto fundamental para os direitos à educação, lazer e à cultura, garantidos na Constituição. Os parlamentares enfatizaram, ainda, que é preciso ampliar esse acesso, e não restringi-lo, como pode acontecer caso a reforma tributária seja aprovada nesses termos.

“Causa perplexidade a informação de que a Receita Federal pretende retirar a referida isenção tributária, pois no Brasil ‘só rico lê’. Entendemos que o órgão baseia-se em informações equivocadas, misturando faixas salariais e dados sobre livros didáticos e não-didáticos, para justificar um possível financiamento de políticas públicas, ao preço de políticas – indispensáveis – de acesso livro”, destacam os deputados no pedido. 

A mobilização #DefendaOLivro

Há oito meses, desde que foi anunciada a proposta de tributação dos livros, Julia e um grupo de mais 10 leitoras assíduas mobilizam-se na campanha #DefendaOLivro. Elas lançaram o movimento e o abaixo-assinado, na Change.org, que já engaja 1,4 milhão de apoiadores. 

Por diversas vezes, o movimento foi destaque nas redes sociais, alcançando os trending topics do Twitter com a hashtag #DefendaOLivro. Fora do online, as jovens conquistaram espaço para defender a causa na cerimônia do Prêmio Jabuti e na 1ª Bienal Virtual do Livro de São Paulo, realizadas no ano passado, nas quais Julia teve participação. 

Julia Bortolani, Dinah Adélia e Letícia Passinho são três das 11 integrantes do movimento #DefendaOLivro (Foto: Arquivo pessoal)

As estudantes também fizeram a entrega do abaixo-assinado ao Congresso Nacional, em outubro do ano passado. O grupo participou de uma audiência virtual com representantes do setor livreiro e com o então primeiro vice-relator da Comissão Mista Temporária da Reforma Tributária, o senador Major Olímpio, falecido em março. Poucos dias depois da reunião, o parlamentar enviou o abaixo-assinado ao então presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

A petição #DefendaOLivro atingiu 1 milhão de assinaturas em apenas duas semanas após a criação e terminou o ano como a 5ª com maior engajamento na plataforma Change.org. O abaixo-assinado segue aberto e reunindo mais apoiadores: http://change.org/DefendaOLivro   

A audiência

A audiência pública será online. Para assistir, acesse este link.

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