Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Técnica, latinidade e swing levaram João Donato para vários cantos da música

Precursor da bossa nova, mas não era um bossanovista clássico, o músico navegava facilmente pela MPB

O cantor e compositor João Donato. Foto: Reprodução / Redes sociais
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João Donato surgiu muito jovem, aos 14 anos, na música. Tocava nas boates de Copacabana não como pianista, mas como acordeonista, na virada dos anos 40. Já tocava bossa nova antes mesmo de ela ser oficialmente estabelecida, quase vinte anos depois.

Nascido no Acre, Donato migrou para o piano em meados dos anos 50. Sua imposição de um ritmo menos clássico no instrumento, mais despojado, o diferenciava dos pianistas que também surgiram naquela época, como Johnny Alf, Tom Jobim, Newton Mendonça e Luizinho Eça.

Como vários músicos de sua época, João Donato tentou a sorte nos Estados Unidos. Ao contrário de boa parte deles, contudo, não se ligou ao jazz tradicional, mas ao jazz latino, se adaptando ao longo do tempo muito bem nesse terreno. 

Nos EUA, tocou, por exemplo, com o percussionista cubano Mongo Santamaría e o multi-instrumentista Cal Tjader, dois músicos muito conhecidos nessa fusão afro-latina com o jazz. Além deles, veio a gravar com Tito Puente, Astrud Gilberto, entre outros. De volta ao Brasil, no início dos anos 70, passou a colocar letras em suas composições e a cantar. 

João Donato primava pela questão rítmica e navegava muito facilmente por várias vertentes da música brasileira. Não era um bossanovista clássico, apesar de ter sido um dos precursores do ritmo. Tinha suingue. Seu piano imperava nas gravações e shows.

Esse jeito mais aberto às sonoridades o fez compor e gravar de Marisa Monte e Fernanda Abreu a Marcelo D2 e Tulipa Ruiz. Canções como Bananeira (com Gilberto Gil) e Nasci para Bailar (com Paulo André Barata) são os exemplos mais clássicos de suas fortes influências latinas.

Seu último álbum, Serotonina (2022) é uma boa síntese da conjunção que fazia da MPB com o jazz e a música latina. É um trabalho de inéditas arejado, descontraído e muito cuidadoso, hábil e competente. 

Despediu-se do melhor jeito possível da forma em que foi reconhecido na música, com sonoridade muito própria e original.

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