Os anos 1960 foram dos mais profícuos da música brasileira. Muitos projetos da época promoveram desdobramentos importantes sentidos até hoje.
Alguns deles foram os álbuns Os Afro-Sambas, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, Coisas, de Moacir Santos, Inútil Paisagem, de Eumir Deodato, e o primeiro registro fonográfico do Quarteto em Cy são trabalhos referenciais por darem rumos à música brasileira dentro de seus vários segmentos.
O da dupla Baden-Vinicius é um marco da introdução de elementos afros na música brasileira contemporânea; os de Moacir Santos e de Eumir Deodato trouxeram arranjos e harmonias para um padrão não existente no País na ocasião; e o registro do Quarteto em Cy inaugurou um importante projeto de conjunto vocal feminino.
Esses discos saíram em formato vinil pela gravadora Forma, entre 1964 e 1967, criada por Roberto Quartin e Wadi Gebara mais por paixão à música brasileira do que qualquer outra coisa.
O livro recém-lançado Tempo Feliz: A História da Gravadora Forma (Editora Kuarup, 282 pág.), de Renato Vieira, conta a breve história da gravadora e dos discos por ela lançados, os já citados e de outros artistas, como do pianista Luiz Carlos Vinhas e do saxofonista Victor Assis Brasil.
O material humano na sua qualidade musical era fundamental para se produzir grandes trabalhos, apesar do período ser marcado pela chegada do exterior dos primeiros equipamentos sofisticados de gravação, iniciando pelo próprio microfone.
A obra trata da produção de cada disco produzido pela Forma, dos bastidores e de como os artistas davam seus primeiros passos na indústria fonográfica.
O projeto, que encerrou afundado em dívidas, mostrou o quanto foi importante para as gravadoras independentes já naquela época ao impulsionar cantores e compositores e obras capazes de oferecer novos rumos à música brasileira – ao contrário do que as majors fizeram décadas depois criando “gêneros” musicais rarefeitos.
Hoje, há produtoras e plataformas de músicas independentes com atuação na internet, promovendo e agenciando artistas e seus trabalhos. Não é projeto feito por paixão, mas sim pelas oportunidades financeiras propiciadas pelos novos tempos na web – espaço deixado pelas majors, que agora fazem parceria com essas mesmas produtoras e plataformas em busca de reinserção no mercado fonográfico.
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