Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Julia Mestre, do Bala Desejo, conta que Rita Lee foi inspiração de novo disco

‘É a minha maior referência de composição e que me guiou muito para dar um norte nesse novo álbum’, afirma

(Foto: Elisa Maciel)
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Quando lançou seu primeiro álbum, o Geminis (2019), Julia Mestre não conseguiu rodar tanto com o trabalho por conta da pandemia. “Foi um momento de muito stress, de muita tristeza. Perdi parente”, conta.

Enfurnada em seu quarto, passava o tempo ouvindo música. Seus dois álbuns favoritos eram de Rita Lee, lançados em 79 e 80 com os grandes clássicos lançados pela cantora.

“É a minha maior referência de composição e que me guiou muito para dar um norte nesse novo álbum”, afirma. Julia passou a fazer covers interpretando as canções da paulista e enviar ao programa Versões, do canal Bis. Acabou sendo chamada para gravar no projeto sobre a obra de quem tanto escutava e tocava em seu quarto.

Desse mergulho no trabalho da cantora e compositora paulistana, surgiu a faixa título do seu segundo álbum, Arrepiada. “Rita Lee é para mim a maior compositora do Brasil, uma grande referência. Tenho aqui [em casa] quase um altar para ela”, diz.

Daí surgiram outras composições do disco em meio ao confinamento. “Para gente começar a compor, tem que escutar muita música. Os mestres servem como grande referência. E a gente tenta trazer isso para nossa linguagem, numa versão mais contemporânea”, explica.

Mas não foi só de seu álbum solo que Julia Mestre se ocupou na pandemia. Em 2021, ela convidou seus amigos Dora Morelenbaum, Lucas Nunes e Zé Ibarra para morar em sua casa. A partir dali, o quarteto começou a fazer várias composições juntos.

Desse inusitado encontro surgiu a banda Bala Desejo e o premiado álbum Sim, Sim, Sim (2022), um dos projetos musicais mais inovadores surgidos nos últimos tempos.

“O Bala Desejo tem sido a experiência mais forte vivida até hoje”, afirma ela sobre a banda, com fortes referências musicais dos anos 60, 70 e 80. Não somente Julia, mas os outros três membros do grupo também bebem da fonte musical desse período no seu lado melódico mais despojado e criativo.

O clima descontraído das músicas, tanto no disco da Bala Desejo como de Arrepiada, criaram um contraste, já que toda a composição foi feita durante a pandemia, momento de muitos lamentos e transformações que reverberaram nas artes.

“Rola essa contradição. Mas o que movimentou foi exatamente o desejo e o sonho de voltar aos palcos”, justifica.

Arrepiada, de 11 faixas, foi lançado semanas atrás. O trabalho tem parcerias de Julia Mestre com Ana Caetano (do duo AnaVitória), João Gil (do trio Gilsons), a dupla de produtores Lux & Tróia e, claro, os companheiros do Bala Desejo. A cantora portuguesa Maro participa da última faixa.

O disco, com produção de Lux Ferreira, oscila entre a Julia inquieta do Bala Desejo com um lado mais intimista. “Gosto de trazer referências da bossa nova”, afirma.

“Acredito muito na criação. Do projeto de tocar outras pessoas, inspirar outras pessoas”, destaca.

Assista a entrevista de Julia Mestre a CartaCapital na íntegra:

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