Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Filó Machado lamenta não poder cantar na Ucrânia em nova turnê na Europa
Artista conta a CartaCapital sobre as composições que fez com Aldir Blanc, Taiguara e Sérgio Ricardo


Filó Machado é um dos artistas brasileiros que fazem turnê todos os anos no exterior, devido à boa aceitação de seu trabalho lá fora. Desde 2010, além de promover shows e participar de festivais – principalmente de jazz – em cidades importantes da Europa, costumava ir também à Ucrânia, onde realizava várias apresentações.
“Sinto o coração partido de não poder cantar em um lugar predileto, um lugar que amo de paixão, que é a Ucrânia”, lamenta. “É onde eu mais trabalhei desde 2010. O lugar em que mais fiz shows. Parou, devido à guerra.”
Quando estava na Ucrânia, ele costumava visitar a vizinha Rússia, onde se apresentava em diferentes cidades. “Sou muito bem conhecido nesses lugares. Adoram minha música, adoram meu som.”
Machado diz que “se sentia como estivesse cantando em São Paulo” quando se apresentava na Ucrânia.
O cantor, compositor, instrumentista e produtor começou muito cedo na música. Passou por várias fases da música brasileira, construindo uma lista de parceiros de composição invejável: Aldir Blanc, Djavan, Cacaso, Sérgio Natureza, Fátima Guedes, Sérgio Ricardo, Abel Silva, Taiguara e Michel Legrand – esta última parceria desenvolveu quando viveu na França.
“Minha primeira parceria foi com a pessoa com quem tenho mais composições, que é a Judith de Souza”, relata. “A minha parceria mais nova é com Jairzinho de Oliveira.”
Ele conta que esteve no Rio de Janeiro, no estúdio da gravadora do álbum Seduzir (1981), de Djavan – Filó é parceiro de Djavan e José Neto na faixa Jogral. Aldir Blanc e Cacaso também estavam no estúdio e conheceram Filó.
“Exatamente naquele momento começou minha parceria com Aldir e também com Cacaso”, lembra. Com Aldir fez Vale Escrito, gravado por Leny Andrade; e da parceria com Cacaso saiu Perfume de Cebola, gravado pela Flora Purim, entre outros.
Já com Sérgio Ricardo o músico teve contato na gravação de um disco em homenagem ao sambista Waldir da Fonseca (já falecido), com quem viajou para vários lugares.
“O Waldir teve um problema de saúde e juntou vários músicos para fazer um trabalho em sua homenagem. Eu produzi o disco e chamei vários cantores, incluindo Pery Ribeiro, Leny Andrade, Claudio Nucci”, relembra. Sérgio Ricardo também topou gravar e ofereceu seu livro Elo: Ela (1982) para Filó musicar alguns poemas.
“Antes do Sérgio Ricardo, em 1986, eu era pianista da Leny Andrade. A gente estava fazendo show no Jazz Mania, no Rio, e o Taiguara ia lá toda noite, ficava me vendo tocar: ‘Gosto de ver você tocar piano.’”
Certo dia, ele foi à casa de Taiguara e conversaram até sobre política, assunto de que o uruguaio radicado no Brasil gostava. Ele tinha uma letra a partir da qual Filó fez um samba, Miriam.
Mais à frente, em um encontro em São Paulo que acabou proporcionando uma caminhada pela região da Avenida Paulista, eles pararam em frente à casa dos Matarazzo e Taiguara produziu uma letra, oferecida para Filó musicar.
“Só que como falava de política, falava de socialismo, todas essas coisas, eu não quis gravar a música. Em 1989, mudei para a França. Chegando lá, como era um regime socialista, comecei a cantá-la”, recorda.
Daqui a algumas semanas, Filó Machado embarcará rumo à Europa com seu violão para sua tradicional turnê, que teve somente interrupção em 2020 e 2021, por causa da pandemia. No repertório, músicas suas, de Tom Jobim, obras gravadas por João Gilberto, entre outras.
Assista à entrevista de Filó Machado a CartaCapital na íntegra:
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