Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Filme aborda a vida e a morte de MC Daleste na visão das quebradas

Dez anos depois de o funkeiro ser assassinado no palco, documentário trata do que ele representou para o gênero

Foto: Reprodução
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Em julho de 2013, chamou a atenção como a morte do funkeiro MC Daleste, aos 20 anos, ganhou repercussão. Ele foi assassinado no palco montado em uma carroceria de caminhão, quando mal havia iniciado um show em um conjunto habitacional de Campinas. O funkeiro tinha um número expressivo de fãs na internet – seu enterro foi uma amostra disso – e seus shows atraíam muitos jovens.

Pouco se sabia sobre o artista na mídia tradicional. Seu assassinato, até hoje não esclarecido, chegou, no entanto, a ocupar espaço na imprensa internacional.

Sobre Funk lançou dias atrás o documentário MC Daleste por Todas as Quebradas, visto por meio milhão de pessoas. O filme lembra o funkeiro uma década depois de sua morte e está disponível no YouTube.

MC Daleste (ou Daniel Pellegrini) não chegou a lançar álbum, apenas alguns singles, na breve carreira de cerca de cinco anos. MC Chaverinho, amigo do bairro da Penha, na capital paulista, conta que o parceiro era inicialmente ligado em axé e só depois migrou para o funk.

Eles ficavam em uma lan house (local de acesso à internet) subindo vídeos próprios de funk nas poucas plataformas que existiam à época. Foi assim que Daleste ganhou reconhecimento e (mais tarde) dinheiro, depois de uma infância muito difícil. O funkeiro também gastava horas interagindo com quem o acompanhava nas redes sociais.

O funk ainda estava se estabelecendo em São Paulo. MC Daleste iniciou a carreira produzindo proibidões, conhecidos por suas letras fortes sobre sexo, violência (muitas vezes com críticas às práticas da polícia) e drogas. Depois, contudo, migrou para o funk ostentação, de letras voltadas à vida com riqueza e dinheiro farto.

O documentário tem depoimentos da irmã e do pai do funkeiro, além de amigos e pessoas que trabalhavam com ele. Ninguém estabelece qualquer relação do MC com o crime ou as drogas (nem para consumo). Eles ressaltam que o que ele fazia era um retrato do que via e conhecia do seu cotidiano.

Quase metade do filme aborda o período pouco antes da morte até o assassinato do funkeiro, no interior de São Paulo. O tratamento dado pela polícia ao caso é criticado por causa do preconceito e da má vontade.

O documentário MC Daleste por Todas as Quebradas, de cerca de 40 minutos, é um mergulho fora da bolha e um bom entendimento sobre o funk como forma de vida.

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