Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Fã de Louis Armstrong, Verissimo se enveredou pelo jazz antes de se tornar escritor
Mesmo após de se entregar às letras, ele gravou discos com bandas tocando saxofone


Luis Fernando Verissimo era um adorador de jazz desde a adolescência. Na segunda vez que o pai, o também escrito Erico Verissimo, junto com a família, mudou-se para os Estados Unidos para assumir cargo de diretor do departamento de assuntos culturais da OEA, na capital Washington, ele, com 16 anos, decidiu estudar música.
Seu sonho era aprender o trompete, instrumento do ídolo e lenda do jazz americano, Louis Armstrong. Mas por falta de curso dedicado ao trompete, acabou aprendendo saxofone, instrumento que marcaria sua vida com exibições e gravações.
Quando retornou dos EUA ao Brasil, já com 20 anos, se integrou a uma banda de estudantes. Mais tarde faria parte da Jazz 6. A banda gravaria cinco álbuns com Veríssimo ao saxofone (e já famoso como grande escritor brasileiro), intitulados Agora é Hora (1998), Speak Low (2001), A Bossa do Jazz (2003), Four (2007) e Nas Nuvens (2011).
Basicamente, o repertório do grupo era composto de regravações de standards nacionais e internacionais do jazz. O grupo chegou a fazer shows no Rio Grande do Sul e São Paulo.
Com os irmãos chargistas Paulo (falecido) e Chico Caruso, também participaria do grupo Conjunto Nacional, que contava ainda com o cartunista Aroeira como músico. Com eles, gravou no sax dois álbuns com composições cheias de humor político: Pra seu Governo (1998) e E la Nave Va (2001).
Luis Fernando Verissimo teria também poemas musicados, como pelo pianista gaúcho Arthur de Faria. A dupla Kleiton e Kledir lançaria uma música composta com Veríssimo, a Olho Mágico, gravada no álbum Com Todas as Letras (2015).
Magro Waghabi (falecido) também fez a música Parceria em Marcha Lenta com Veríssimo, gravada no álbum MPB4 ao vivo (1989).
O escritor não chegou a se aprofundar nos estudos no saxofone e sempre tratou esse trabalho como um hobby, mas não escondia a paixão pela música. Ao longo da vida, escreveu várias crônicas tendo o jazz como tema.
Verissimo morreu neste sábado 30, aos 88 anos, ele lidava com as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) que aconteceu em 2021, e foi acometido, nas últimas três semanas, por uma pneumonia.
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