Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Em filme, membros da psicodélica Ave Sangria contam histórias a borda de uma Rural
Documentário inédito participa do In-Edit. Fundadores do grupo pernambucan, Marco Polo e Almir falam de formação, perseguição e recomeço


O rock psicodélico ganhou força no Brasil no fim dos anos 1960. Em Pernambuco, a cena teve como seu maior expoente a banda Ave Sangria, que inseria em sua sonoridade elementos regionais, como o baião e o maracatu.
Um documentário sobre o grupo, Ave Sangria, A Banda Que Não Acabou (2025, 77 min), participa da competição nacional do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, o principal do País no segmento, que realiza a sua 17ª edição em São Paulo entre 11 e 22 de junho.
No filme, Marco Polo (vocais) e Almir de Oliveira (baixo), os únicos remanescentes da formação original da banda pernambucana, contam a história do grupo a bordo da Rural do agitador cultural Roger de Renor.
Seu destino, após passar pelo Recife, é Brejo da Madre de Deus, a pouco mais de 200 quilômetros da capital pernambucana. Foi lá, em 1972, no teatro ao ar livre de Nova Jerusalém, em um festival experimental de música, o embrião da criação de uma cena de rock psicodélico no Recife.
O grupo musical, segundo Marco Polo, constitui-se, de fato, na volta desse festival. A banda lançou em 1974 seu disco, mas saiu de cena logo depois, após sofrer censura da ditadura militar com a debochada música Seu Waldir, considerada pelo regime ofensiva à moral e aos bons costumes. O álbum foi recolhido das lojas e das rádios.
Marco Polo e Almir relatam a história da banda, originada na insatisfação com o sistema, os primeiros momentos, o disco de estreia, a vida curta do grupo e os outros integrantes da época.
A banda voltaria a se apresentar 40 anos depois, em 2014, em um teatro no Recife, o mesmo em que ocorreu o último show antes da longa parada. Na ocasião, houve o lançamento do álbum Perfumes Y Baratchos, gravado quando a banda se chamava Tamarineira Village.
Em 2019, o grupo lançaria ainda o álbum de inéditas Ventanias, um dos grandes discos daquele ano, já analisado em CartaCapital.
O documentário lembra que muito antes do movimento Manguebeat, Recife já tinha uma efervescente cena musical com a fusão entre o som em evidência lá fora e as manifestações locais.
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