Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Canções de domínio público se impõem com a benção das sambadeiras

Em Casa com Sesc, criado na pandemia, tem o Samba de Roda Nega Duda como um dos bons momentos do projeto

Foto: Divulgação
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Quando o isolamento social foi imposto por conta da pandemia, surgiram algumas iniciativas para manter viva a arte. Um dos projetos mais importantes criados foi o Em Casa com Sesc, realizada pelo Sesc São Paulo, com transmissão online de shows, de peças de teatro e espetáculos de dança. 

São centenas de apresentações registradas disponíveis como acervo da entidade. Um ótimo show mostrado no período foi o Samba de Roda Nega Duda, realizado no ano passado no Sesc Pompeia.

Nega Duda, nascida em São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, berço do samba de roda, tem um álbum lançado em 2019 e vive em São Paulo. 

Com repertório somente de canções de domínio público, a sambadeira – ao lado da arte-educadora, dançarina e também sambadeira, Roberta Viana – e acompanhada das percussões de João Noronha Emiliano, Gabriel dias e Elizabeth Belisário, faz uma apresentação bem significativa da linguagem matricial da nossa cultura.

Canções de domínio público representadas no samba de roda, em geral, tratam do cotidiano e muitas delas foram transmitidas via oral por gerações. 

O que atrai na apresentação do Samba de Roda Nega Duda é a simplicidade, além da expressividade presentes no show. A configuração rítmica com base na percussão, a dança e os versos provocando respostas ou seguimento de cantoria, formam de maneira rústica a representação-base dos vários gêneros musicais brasileiros, como o samba urbano, o baião, o maracatu. 

Essas características são apresentadas na gravação de forma natural. A maneira lúdica do show interage bem com o espectador do outro lado da tela, algo que muitos artistas tentarem fazer na pandemia, mas não obtiveram sucesso, mesmo tendo como aliados os melhores recursos técnicos.

Ano passado também, Luiz Caldas, dentre os vários discos que lança por ano, apresentou um intitulado Sambadeiras – o trabalho foi até indicado ao Grammy Latino. 

O trabalho é bom, de fato. São dez canções autorais simplórias em que o cantor e compositor mergulha no samba de roda. Luiz Caldas é de Feira de Santana, não muito distante do Recôncavo Baiano e de influência musical do lugar.

O disco Sambadeiras expõe de forma mais contemporânea o samba de roda, mas não se desvincula da origem. O trabalho, entre outros, é dedicado a Roberto Mendes, referência na música do Recôncavo. Vale a pena escutar – o trabalho está disponível gratuitamente no site de Luiz Caldas.

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