Bem-Estar

Veja por que o excesso de produtos no skincare prejudica a pele

O interesse pelos cuidados com a pele tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionado por tendências nas redes sociais. Recentemente, influenciadores viralizaram com técnicas de skincare que envolvem o uso exagerado de cremes antes de dormir e o uso de elásticos para “prender” o rosto, […]

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O interesse pelos cuidados com a pele tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionado por tendências nas redes sociais. Recentemente, influenciadores viralizaram com técnicas de skincare que envolvem o uso exagerado de cremes antes de dormir e o uso de elásticos para “prender” o rosto, como estratégia para rejuvenescer a pele e evitar a queda natural causada pelo envelhecimento.

No entanto, esse excesso, disfarçado de autocuidado, pode ser perigoso. “Produtos com excesso de agentes hidratantes ou máscaras oclusivas, utilizados na tentativa de promover uma hidratação intensa da pele, podem acabar obstruindo glândulas, tanto sebáceas quanto sudoríparas, levando à retenção de secreções e agravando condições como acne e até miliária rubra”, explica a dermatologista Dra. Flávia Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O uso indiscriminado de produtos e métodos não comprovados pode comprometer a saúde dermatológica a longo prazo. “Para peles com tendência de oleosidade, o excesso de produtos pode retirar excessivamente a barreira de ceramidas e, com isso, causar uma alteração da microbiota, aumentando processos inflamatórios, envelhecimento, rosácea, melasma e dermatites em geral. O excesso também pode causar dermatites irritativas, que aparecem de acordo com os componentes que possuem esses produtos, principalmente se eles tiverem ácido”, alerta a médica.

Nenhum produto faz milagre

Muitas pessoas usam produtos em demasia na esperança de conseguirem resultados robustos, mas isso não é realmente visto na prática. “Muitos cremes milagrosos prometem eliminar rugas, firmar a pele e devolver viço, mas infelizmente não entregam o resultado esperado. Para um estímulo de colágeno eficiente, precisamos de tecnologias ou bioestimuladores de colágeno injetáveis (procedimentos dermatológicos realizados em consultório), de acordo com a indicação médica”, diz a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Cuidados com a estratégia de oclusão

Segundo a Dra. Flávia Brasileiro, a estratégia de oclusão, com máscaras cosméticas, fitas e elásticos, pode aumentar a absorção dos ativos em cerca de 10 vezes, o que pode ser benéfico em alguns casos, mas também exige cautela.

“É fundamental considerar o tipo de material usado para promover essa oclusão. Com frequência, utilizam-se substâncias plásticas derivadas do petróleo, que podem aumentar a irritabilidade da pele, especialmente quando combinadas com ingredientes como ácidos”, alerta.

Ela ainda argumenta que uma rotina minimalista pode ser eficaz, desde que a pele seja devidamente higienizada, hidratada, protegida e renovada. “É possível alcançar esses benefícios com poucos produtos, desde que sejam bem formulados e utilizados de maneira estratégica”, afirma.

Jovem com o cabelo castanho, encaracolado, usando uma regata branca passando produto de skin care no rosto em frente ao espelho.
A aplicação de vitamina C pela manhã potencializa o efeito do protetor solar (Imagem: Prostock-studio | Shutterstock)

Rotina de skincare equilibrada

De acordo com a Dra. Paola Pomerantzeff, os cremes podem ajudar a prevenir o envelhecimento, mas não são capazes de revertê-lo. “Na maioria das vezes, o indicado é, além da limpeza adequada da pele, usar um antioxidante (vitamina C) pela manhã antes do protetor solar (FPS 30 no mínimo). A vitamina C potencializa o efeito do protetor solar e ajuda a proteger a pele da poluição (que acarreta a formação de radicais livres na pele e acelera seu envelhecimento)”, orienta.

Contudo, alguns produtos podem ajudar na renovação da pele. “À noite, o ideal seria intercalar um ácido (retinóico, glicólico ou azelaico, dependendo da pele de cada pessoa) com um hidratante. Assim, garantimos a hidratação da pele (fundamental para não acelerar o processo de envelhecimento) e sua renovação celular”, acrescenta.

Cuidados pós-maquiagem

Segundo a Dra. Flávia Brasileiro, para quem utiliza maquiagem, o ideal é iniciar a rotina de cuidados com um tensioativo oleoso, que remova a maquiagem de forma eficaz sem agredir a pele. “Em seguida, recomenda-se uma limpeza suave com um sabonete tipo Syndet (como o SIMET), que preserve a integridade da barreira de ceramidas. A aplicação de uma água micelar ajuda a equilibrar o pH da pele, preparando-a para a etapa de hidratação”, diz.

Complementando os cuidados com a pele

O hidratante e protetor solar, por sua vez, devem ser escolhidos corretamente para nutrir e proteger a pele. “O hidratante deve conter ativos apropriados ao tipo e à idade da pele, promovendo nutrição e equilíbrio. Durante o dia, é essencial aplicar protetor solar com reaplicação ao longo do dia, protegendo contra os danos dos raios UV. À noite, se possível, recomenda-se o uso de ácidos, com destaque para o retinol, um potente aliado no rejuvenescimento cutâneo”, recomenda a Dra. Flávia Brasileiro.

A dermatologista ainda afirma que o uso de ácidos deve ser orientado por médico em avaliação individualizada, podendo ter funções como clareamento, controle de acne ou estímulo ao colágeno, conforme as necessidades da pele. “Esses passos podem ser incorporados de forma fixa, com adaptações específicas para o período da manhã (incluindo o protetor solar) e da noite (com o uso de ácidos e ativos mais potentes)”, diz.

Consulte um médico

Investir em cremes demais pode não dar o retorno garantido; por isso, consultar um médico é fundamental. “O mais indicado é que o dermatologista examine você, faça um diagnóstico do seu envelhecimento e também um planejamento para reverter rugas, flacidez ou a falta de viço na sua pele através de procedimentos comprovadamente eficazes. Existem diversas tecnologias como ultrassom microfocado, laser e radiofrequência, além de injetáveis como a toxina botulínica, bioestimulador de colágeno e preenchedores”, finaliza a Dra. Paola Pomerantzeff.

Por Paula Amoroso

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