Bem-Estar

Automedicação nas festas: perigos de misturar álcool e remédios

Com a chegada das festas de fim de ano, cresce o consumo de bebidas alcoólicas e, junto com ele, o risco de interações perigosas entre álcool e medicamentos utilizados de forma inadequada. Segundo a Dra. Gisele Lopes Cavalcante, professora do curso de Farmácia da Faculdade […]

Automedicação nas festas: perigos de misturar álcool e remédios
Automedicação nas festas: perigos de misturar álcool e remédios
Apoie Siga-nos no

Com a chegada das festas de fim de ano, cresce o consumo de bebidas alcoólicas e, junto com ele, o risco de interações perigosas entre álcool e medicamentos utilizados de forma inadequada. Segundo a Dra. Gisele Lopes Cavalcante, professora do curso de Farmácia da Faculdade Anhanguera Ribeirão Preto, a automedicação nesta época pode causar efeitos inesperados, intoxicações graves e até internações, especialmente quando combinada com o álcool.

A especialista explica que muitas pessoas recorrem a analgésicos, anti-inflamatórios, antigripais, anti-histamínicos e até ansiolíticos sem considerar que essas substâncias passam por vias metabólicas semelhantes às do álcool no organismo.

“O fígado fica sobrecarregado ao tentar metabolizar o álcool e o medicamento ao mesmo tempo. Isso aumenta o risco de toxicidade, potencializa os efeitos colaterais e pode anular o efeito terapêutico do remédio”, afirma a Dra. Gisele Lopes Cavalcante.

Perigos da combinação entre álcool e medicamentos

Entre os riscos mais frequentes, Gisele Lopes Cavalcante destaca o aumento da sonolência, queda de pressão, alteração de reflexos e irritação gástrica, especialmente quando antigripais e anti-inflamatórios são usados após consumo de bebida alcoólica.

Medicamentos como ibuprofeno e diclofenaco irritam a mucosa estomacal. Quando combinados ao álcool, elevam significativamente as chances de gastrite, vômitos, sangramentos e dor abdominal intensa”, explica.

A farmacêutica alerta ainda para o perigo do paracetamol, um dos remédios mais usados durante festas para aliviar dor de cabeça e mal-estar. “Esse medicamento, quando associado ao álcool, tem potencial de causar lesão hepática aguda, podendo levar à insuficiência do fígado. Pessoas que bebem regularmente ou em grande quantidade nas festas devem ter atenção redobrada”, reforça.

Medicamentos para ansiedade, insônia e alergias também merecem atenção. “Antialérgicos e ansiolíticos possuem efeito sedativo. Misturados ao álcool, podem causar sonolência extrema, dificuldade respiratória e perda de consciência. É uma combinação muito perigosa, especialmente em ambientes de festa, piscina e praia, onde o risco de acidentes é maior”, alerta a professora.

Jovem com cabelo cacheado solto usando camisa jeans e suéter amarelo com mão na cabeça e um comprimido na outra e com taça de vinho perto e árvore de Natal ao fundo
O uso de medicamentos sem orientação médica pode mascarar sinais importantes e atrasar diagnósticos (Imagem: Srdjan Randjelovic | Shutterstock)

Quando a automedicação é perigosa?

A automedicação também pode mascarar sintomas importantes, atrasando diagnósticos. Muitas pessoas, por exemplo, tomam remédios para dor, náusea ou febre acreditando que é apenas ressaca, quando, na verdade, podem estar diante de intoxicações alimentares ou infecções que exigem cuidado. 

“O problema não é apenas o remédio, mas a falta de orientação. O corpo já está lidando com o álcool; adicionar medicamentos sem necessidade pode agravar um quadro que precisava de avaliação médica”, explica a docente.

Para reduzir riscos, a professora Gisele Lopes Cavalcante recomenda evitar o uso de medicamentos durante e logo após o consumo de álcool, não misturar diferentes tipos de analgésicos, manter-se hidratado e buscar orientação profissional sempre que houver dúvida. 

Ela reforça que nenhuma dor ou mal-estar deve ser tratado com remédios repetidamente sem supervisão. “Nas festas, o corpo está sujeito a excessos. O que parece uma simples dor de cabeça pode se tornar um problema muito maior se houver automedicação inadequada. A prevenção ainda é o melhor caminho”, conclui.

Por Bianca Lodi Rieg

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo