Bem-Estar

7 mitos e verdades sobre o uso de Ozempic e Mounjaro

Nos últimos meses, o uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro para a perda de peso ganhou popularidade nas redes sociais e consultórios médicos. Criados originalmente para o tratamento do diabetes tipo 2, os análogos de GLP-1 passaram a ser prescritos e, muitas vezes, utilizados […]

7 mitos e verdades sobre o uso de Ozempic e Mounjaro
7 mitos e verdades sobre o uso de Ozempic e Mounjaro
Apoie Siga-nos no

Nos últimos meses, o uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro para a perda de peso ganhou popularidade nas redes sociais e consultórios médicos. Criados originalmente para o tratamento do diabetes tipo 2, os análogos de GLP-1 passaram a ser prescritos e, muitas vezes, utilizados sem acompanhamento adequado, com foco no emagrecimento.

No entanto, o fenômeno levantou uma série de dúvidas sobre segurança, eficácia e possíveis efeitos colaterais. “É importante reforçar que não se trata de medicamentos estéticos. São tratamentos sérios, indicados principalmente para pessoas com obesidade e comorbidades associadas. Quando usados de forma adequada e com orientação médica, podem trazer benefícios significativos para a saúde”, afirma Ramon Marcelino, médico endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) e membro do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês.

Com a crescente demanda, também se multiplicaram mitos e desinformações. A seguir, o médico esclarece os principais pontos sobre os medicamentos, com base em evidências científicas atualizadas. Confira! 

1. Uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro pode causar cegueira

Mito. Um estudo inicial sugeriu associação entre o uso desses medicamentos e a Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior Não Arterítica (NAION), uma condição rara que pode causar perda de visão. No entanto, pesquisas mais amplas não confirmaram essa ligação. “As principais sociedades médicas continuam reafirmando a segurança ocular desses fármacos. Não há motivo para alarde”, destaca o especialista.

2. Usar Ozempic e Mounjaro de forma prolongada pode ocasionar vício

Mito. O termo “vício” se refere ao uso de uma substância com prejuízo psicossocial, desenvolvimento de tolerância e dependência, o que não ocorre com os análogos de GLP-1, como Ozempic e Mounjaro.

“A confusão geralmente vem do reganho de peso após a interrupção abrupta da medicação. Obesidade é uma doença crônica e precisa de tratamento contínuo. Se o paciente não adotar mudanças sustentáveis no estilo de vida, é esperado que recupere o peso perdido ao suspender o medicamento”, alerta Ramon Marcelino.

3. Os medicamentos Ozempic e Mounjaro afetam a fertilidade

Verdade. A perda de peso promovida pelos medicamentos pode melhorar a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. Em pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP), por exemplo, Ozempic tem mostrado bons resultados. “Há uma melhora hormonal que acompanha o emagrecimento, o que pode aumentar as chances de gravidez”, pontua o endocrinologista.

Imagem com comprimidos montando um relógio com um DIU no meio
O ideal para mulheres que usam Mounjaro é optar por métodos contraceptivos alternativos, como o DIU (Imagem: Alena Menshikova | Shutterstock)

4. Interferem no anticoncepcional

Verdade. Principalmente o Mounjaro. Recentemente, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) alertou que o Mounjaro pode reduzir a absorção de anticoncepcionais orais, comprometendo sua eficácia. “Por isso, mulheres que usam Mounjaro devem optar por métodos alternativos, como DIU ou implantes hormonais, e associar o uso de preservativos nas primeiras semanas de tratamento”, orienta Ramon Marcelino.

5. Ozempic e Mounjaro aumentam o risco de infarto

Mito. Pelo contrário: os análogos de GLP-1 demonstraram reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com risco elevado. “Estudos clínicos demonstram que além de auxiliar no controle do peso e da glicemia, protegem o coração, o que os torna aliados importantes para pacientes com diabetes e obesidade”, afirma o endocrinologista Ramon Marcelino.

6. Medicamentos para emagrecer causam queda de cabelo

Verdade. Não há evidência de que os medicamentos causem queda de cabelo diretamente. No entanto, a perda de peso muito rápida pode levar a um fenômeno conhecido como eflúvio telógeno, que se caracteriza pelo aumento da queda diária de fios de cabelo. “É uma condição temporária e reversível, que pode surgir de três a seis meses após o emagrecimento, mas não está ligada diretamente à substância”, esclarece o médico.

7. Aceleram o envelhecimento

Mito. Esses medicamentos não provocam envelhecimento precoce. No entanto, a flacidez da pele pode ser um efeito estético secundário da perda rápida de peso, com redução do volume de gordura subcutânea e possível perda de colágeno.

“Isso depende de fatores como idade, velocidade da perda de peso e da atividade física. Em alguns casos, tratamentos complementares podem ser indicados para a melhora da aparência”, explica Ramon Marcelino.

Cuidados necessários

Embora esses medicamentos representem um avanço no tratamento da obesidade, o uso indiscriminado pode trazer riscos. “É fundamental que o paciente esteja sob acompanhamento médico para avaliar indicação, riscos e benefícios. A automedicação ou uso por estética sem avaliação clínica é perigoso”, alerta o especialista.

Além disso, Ramon Marcelino destaca que novos fármacos estão em desenvolvimento e devem oferecer ainda mais opções nos próximos anos. “A ciência está avançando, mas o pilar do tratamento segue o mesmo: mudanças sustentáveis no estilo de vida, com alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. O remédio ajuda, mas não substitui o seu esforço”, enfatiza o médico.

Por Samara Meni

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo