Justiça

Transfusões e testemunhas de Jeová: o que está em jogo no julgamento no STF

O relator é o ministro Kássio Nunes Marques

Transfusões e testemunhas de Jeová: o que está em jogo no julgamento no STF
Transfusões e testemunhas de Jeová: o que está em jogo no julgamento no STF
Foto: Gustavo Moreno/STF
Apoie Siga-nos no

O Supremo Tribunal Federal iniciou nesta sexta-feira 19 o julgamento que questiona dispositivos legais sobre a realização forçada de transfusões de sangue em caso de risco de vida. A análise do caso, que acontece no plenário virtual, segue até o dia 6 de fevereiro de 2026.

As ações foram ajuizadas pela Procuradoria-Geral da República e pelo PSOL. Os autores pedem que seja excluída das normas legais a interpretação que permite a médicos realizarem transfusões de sangue contra a vontade de pacientes maiores e capazes que se opõem ao tratamento por convicção religiosa, como no caso dos testemunhas de Jeová.

A PGR alega que os dispositivos que permitem a transfusão de sangue sem o consentimento do paciente, presentes no Código Penal e em Resoluções do Conselho Federal de Medicina, ofendem a liberdade de consciência e de crença.

O braço jurídico do governo, por outro lado, destaca a possibilidade de o procedimento ser imposto nas hipóteses em que a pessoa for menor ou incapaz, em caso de risco à saúde pública ou quando houver indícios de dano a terceiro. O relator é o ministro Kássio Nunes Marques.

Em seu voto, o ministro estabeleceu que deve ser excluída qualquer interpretação das normas que obrigue médicos a realizarem transfusão de sangue contra a vontade de pacientes maiores e capazes que se oponham ao procedimento por convicção pessoal ou religiosa. 

No entanto, para o relator, a recusa à transfusão não se estende a crianças, adolescentes ou pessoas sem capacidade civil plenaO ministro Cristiano Zanin apresentou voto divergente após ter feito pedido de vista.
Para Zanin, que concordou em estabelecer que a transfusão de sangue pode ser recusada por adultos capazes, divergiu ao apresentar um novo entendimento de que a regra deve ser estendida a todos os cidadãos, não apenas àqueles que se recusam devido a crença.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo