Justiça

Sóstenes e Jordy são alvos de operação da PF por suspeita de desvio de cota parlamentar

Policiais realizam ações de busca e apreensão no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, estado de origem dos dois deputados bolsonaristas

Sóstenes e Jordy são alvos de operação da PF por suspeita de desvio de cota parlamentar
Sóstenes e Jordy são alvos de operação da PF por suspeita de desvio de cota parlamentar
Operação da PF contra desvio de recursos públicos mira os deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio de Janeiro. Fotos: Marina Ramos/Câmara dos Deputados e Renato Araújo/Câmara dos Deputados
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A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira 19 uma operação que mira os deputados federais bolsonaristas Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). Segundo as investigações, há indício de desvios de recursos de cotas parlamentares por meio da locação de veículos em uma suposta empresa de fachada.

A PF cumpre sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os agentes foram às ruas no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro, bases eleitorais dos dois parlamentares.

Foram apreendidos mais de 400 mil reais em dinheiro vivo que, segundo o portal G1, que conversou com investigadores que participaram da diligência, estavam em um endereço de Sóstenes em Brasília. A PF divulgou imagens do dinheiro, localizado dentro de um saco preto.

Dinheiro encontrado por agentes da PF durante a operação desta sexta – foto: divulgação/PF

“De acordo com as investigações, agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e posterior ocultação de verba pública”, destacou a PF em nota oficial.

Além dos parlamentares, apontados como parte relevante do esquema, a decisão de Dino determinou a realização de buscas nas residências de assessores deles que, segundo as investigações, estariam diretamente envolvidos no suposto desvio. Também foi determinada a suspensão do sigilo bancário dos deputados, dos assessores acusados e das empresas investigadas.

Em postagem nas redes sociais, Jordy, usando camisa com fotos e o nome da filha – que, segundo ele, faz aniversário nesta sexta –, se disse perseguido. Ele relatou que os agentes foram à residência da família no início da manhã, e disse que a Haruê Locação de Veículos, empresa investigada, presta serviços para outros parlamentares.

“A alegação deles é tosca. Dizem que chama muita atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários outros deputados, inclusive. Dizendo que as outras empresas têm mais de 20 veículos, 20 veículos na sua frota, e a Haruê locação tem apenas cinco veículos, e por isso seria empresa de fachada”, bradou.

O parlamentar, porém, não citou que a suposta locadora de veículos não funciona nos endereços registrados, conforme constatou a PF em investigação. “Em diligência in loco, a equipe de policial constatou que a empresa não funciona mais em seu domicílio, o que permite concluir a dissolução irregular da empresa”, diz um trecho da conclusão dos agentes citada por Dino. “Conquanto dissolvida irregularmente, a referida sociedade empresária continua a receber pagamentos”, completa a PF mais adiante.

Jordy, no mesmo vídeo, repetiu as acusações ao STF, especialmente ao ministro Flávio Dino, que assina a autorização para a operação. “Eu sei o que eles estão fazendo: isso aqui é mais do que querer nos intimidar. É uma pesca probatória. Eu não vou me deixar abalar com isso”, afirmou.

Sóstenes, por sua vez, não comentou a operação, mas em nota encaminhada a CartaCapital prometeu uma coletiva de imprensa para tratar do assunto. A entrevista será no Salão Verde por volta do meio dia.

A operação desta sexta é desdobramento de outra que ocorreu há exatamente um ano, em 19 de dezembro de 2024, quando assessores de Sóstenes e Jordy entraram na mira da PF, que investigava denúncias semelhantes.

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