Justiça
Como ministros do STF receberam a decisão de Gilmar sobre impeachment
O decano limitou à PGR a autonomia de denunciar ao Senado integrantes da Corte
Os ministros do Supremo Tribunal Federal foram pegos de surpresa com a decisão do decano Gilmar Mendes de limitar à Procuradoria-Geral da República a prerrogativa de pedir o impeachment de juízes da Corte, relataram a CartaCapital interlocutores do STF.
A surpresa, no entanto, não indica rejeição dos colegas à determinação de Gilmar, que também alterou o quórum necessário para o recebimento da denúncia pelo Senado — de maioria simples para dois terços da Casa.
O entendimento de pessoas próximas aos ministros é que a decisão de Gilmar tende a prevalecer, até por unanimidade. O julgamento que confirmará ou revogará a ordem acontecerá entre 12 e 19 de dezembro, no plenário virtual.
A liminar, embora surpreendente, não foi repentina. Gilmar, segundo aliados, já se debruçava sobre o tema, mas o receio de que um pedido de vista ou de destaque interrompesse o julgamento do mérito o teria impelido a assinar a decisão monocrática. Assim, se fato algum ministro paralisar a votação, sua ordem continuará a valer.
O assunto monopolizou as atenções em Brasília desde a quarta-feira 3. A Advocacia-Geral da União se apressou e pediu a Gilmar que reconsiderasse a decisão, alegando que atribuir a qualquer cidadão o direito de pedir o impeachment de ministros não fere a Constituição. O apelo, no entanto, não prosperou. Em outubro, a PGR já havia se manifestado a favor da restrição determinada por Gilmar. Na mesma direção, o ministro Flávio Dino avaliou ser necessário atualizar a Lei do Impeachment em sintonia com a Constituição de 1988.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
A crise provocada por Gilmar Mendes e a ‘janela de oportunidade’ percebida pelo governo Lula
Por Vinícius Nunes
A reclamação de Fachin contra defensora que fez sustentação oral por videoconferência
Por Wendal Carmo
Decisões sobre Daniel Vorcaro e ‘investigações conexas’ terão de passar pelo STF, diz Toffoli
Por CartaCapital



