Justiça
Relator da sabatina de Messias deve atuar como ‘bombeiro’ para abrir diálogo com a ala mais refratária do Senado
Weverton Rocha (PDT) conduzirá conversas com os parlamentares mais avessos, mas não fará campanha explícita
O senador Weverton Rocha (PDT-MA) entrou em cena como uma espécie de bombeiro informal da crise instalada no Senado em torno da indicação de Jorge Messias ao Supremo. Segundo interlocutores do advogado-geral da União ouvidos por CartaCapital, Rocha se dispôs a ajudar o Planalto a destravar o clima com a Casa, mas com limites.
Na tarde desta quinta-feira 27, ambos conversaram por mais de uma hora em uma sala reservada no Senado. O pedetista garantiu que atuará na linha de frente para reabrir canais de diálogo entre os senadores e o indicado de Lula, embora tenha deixado claro que não fará campanha explícita pela aprovação.
Rocha prometeu “trabalhar firme” para uma “negociação” possível, nas palavras usadas no encontro. E traçou um plano de contenção de danos: fazer uma rodada de conversas com os parlamentares mais avessos ao nome de Messias e tentar “acalmar as coisas”.
A sabatina foi marcada para o dia 10 de dezembro, prazo apertado para o ministro conversar com todos os 81 senadores.
A escolha da data veio após uma troca pública de farpas entre Messias e Alcolumbre. O ministro tentou conversar por telefone com o presidente do Senado no domingo 23, mas não foi atendido. No dia seguinte, publicou uma nota se oferecendo ao “escrutínio constitucional” de Alcolumbre. “O faço também por reconhecer e louvar o relevante papel que o presidente Alcolumbre tem cumprido como integrante da Casa”, escreveu.
No mesmo dia, Alcolumbre respondeu: “O Senado Federal cumprirá, com absoluta normalidade, a prerrogativa que lhe confere a Constituição: conduzir a sabatina, analisar e deliberar sobre a indicação feita pelo Presidente da República.” A tensão no Congresso aumentou. O senador teria rompido com o líder do PT no Senado, repetindo movimento semelhante ao do presidente da Câmara na mesma semana.
O Planalto tenta amortecer os efeitos da indicação, numa operação de convencimento que ganhou urgência após a ausência dos presidentes da Câmara e do Senado na cerimônia de assinatura da isenção do imposto de renda, na quarta-feira, em Brasília.
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