Justiça
Apesar de dúvida no Senado, Lula segue irredutível e Messias é o favorito ao STF
A decisão do presidente, no entanto, só deve sair após a COP30
O debate sobre o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal ressurgiu nos bastidores dos Três Poderes. A discussão ganhou novo fôlego com o retorno do presidente Lula (PT) de compromissos internacionais e domésticos, incluindo a cúpula da CELAC e a COP30.
A Corte permanece com uma cadeira vaga desde a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, em outubro.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, é apontado como o favorito para a vaga. Ele teria, no entanto, o desafio de debelar uma potencial resistência no Senado, o que desperta incerteza sobre a aprovação. Interlocutores da AGU expressaram a CartaCapital uma “certa confiança” na escolha de Messias.
No Senado também há a percepção de que Lula não recuará da decisão de indicar o advogado-geral. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), disse, durante a sabatina de Paulo Gonet, na quarta-feira 12, não ver “reversão” no cenário.
Nem mesmo a votação apertada pela recondução do procurador-geral da República preocupa. Para interlocutores do Palácio do Planalto, Messias não enfrentará exatamente o mesmo embaraço. “São histórias completamente diferentes”, afirmou um aliado do presidente. A avaliação é que os senadores podem até enviar recados, mas não desejam comprar uma briga com um futuro ministro do Supremo.
Contudo, a data da indicação permanece indefinida. Fontes da AGU dizem que a decisão está “nas mãos e na cabeça de Lula” e consideram pouco provável que o anúncio ocorra antes do encerramento da COP30, previsto para 21 de novembro.
Paralelamente, o presidente articula um encontro com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para avaliar a receptividade dos senadores a uma possível indicação. O encontro também não tem data certa para acontecer.
Pacheco é visto como uma alternativa para o STF — apontado como o favorito entre os seus pares no Senado. O presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União-AP), trabalha para tentar convencer Lula a embarcar na indicação — sem sucesso, ao menos até aqui. Correndo por fora está o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas, o menos cotado.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Mauro Vieira e Marco Rubio devem voltar a se reunir nesta quinta-feira
Por Wendal Carmo
Motta adia votação de PL Antifacção após pedido de governadores e governo
Por CartaCapital
Senado aprova indicação de dois novos ministros ao STM
Por CartaCapital



