Justiça
Sobrinho de Bolsonaro vai a júri popular por tentativa de feminicídio
O julgamento ocorrerá na próxima terça-feira 11, na capital paulista
Orestes Bolsonaro Campos, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), será julgado pelo Tribunal do Júri de São Paulo na próxima terça-feira 11 por tentativa de feminicídio contra a ex-mulher e tentativa de homicídio contra o namorado dela. O caso ocorreu em 2020, em Barra do Turvo (a 649 quilômetros da capital).
Na denúncia, o Ministério Público afirma que Orestes entrou na casa da ex-companheira — com quem viveu por 17 anos — durante a madrugada, usando uma chave antiga, enquanto ela e o namorado dormiam com o filho pequeno na sala. No imóvel, atacou o homem com um pedaço de madeira de eucalipto e, na sequência, sacou uma arma e disparou.
Depois da agressão, a mulher teria fugido com o filho no colo e buscado ajuda. O ataque ocorreu de surpresa e impossibilitou qualquer defesa das vítimas, argumentou o MP ao enquadrar o sobrinho do ex-capitão.
O caso chegou à 3ª Vara do Júri da capital paulista em 2024, após o órgão solicitar a transferência sob alegação de que a família Bolsonaro exerce forte influência política e econômica no Vale do Ribeira, o que poderia comprometer a imparcialidade do julgamento.
Nesta sexta-feira 7, a juíza Isabel Begalli Rodriguez determinou a intimação das testemunhas e do réu, além da expedição de mandados simultâneos para evitar atrasos no andamento do processo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do réu para comentar o caso. O espaço segue aberto.
Orestes, que nunca concorreu a um cargo eletivo e não faz aparições públicas com Bolsonaro, é filho de Denise Bolsonaro Campos, irmã do ex-presidente. Ele já foi condenado em outro processo por agressão a uma ex-namorada, também em 2020, em Registro (SP).
Neste caso, acabou sentenciado a quatro meses de detenção em regime aberto e ao pagamento de indenização por danos morais. O episódio envolveu puxões de cabelo, tapas e agressões que, segundo a Justiça, resultaram em “lesões incompatíveis com a versão apresentada pelo réu”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Que alternativas restam a Bolsonaro depois de o STF negar seu recurso contra a condenação
Por Leonardo Miazzo
Fachin nega mais um habeas corpus para soltar Bolsonaro
Por CartaCapital



