Justiça
Moraes aciona PF para investigar o crime organizado e a infiltração no poder público do Rio
O foco da iniciativa, segundo o ministro, será atingir a estrutura financeira desses grupos
O ministro Alexandre de Moraes anunciou, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira 5, no bojo da ADPF das Favelas, que o Supremo Tribunal Federal mandou a Polícia Federal abrir inquérito para apurar o crime organizado no Rio de Janeiro.
De acordo com o magistrado, a corporação atuará na investigação sobre esquemas de lavagem de dinheiro de facções e milícias, e a infiltração de organizações criminosas no Poder Público.
O foco da iniciativa, segundo Moraes, será atingir a estrutura financeira desses grupos — etapa considerada essencial para reduzir a violência e retomar áreas dominadas por grupos criminosos. “No Brasil, quando se fala em crime organizado, fala-se em poder econômico. É preciso enfraquecer financeiramente essas organizações”, explicou o ministro.
A audiência desta quarta contou com a participação de representantes de órgãos e entidades de direitos humanos para debater a megaoperação policial mais letal da história do Rio, na semana passada. A ação buscava prender líderes da facção Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, deixou mais de 120 mortos e não capturou os principais chefes do grupo.
Durante o encontro, Moraes ainda informou que a Corte solicitou imagens das operações recentes na capital fluminense para verificar se houve uso excessivo de força. O ministro, que é relator temporário da APDF das Favelas, apontou também como problema central a falta de autonomia e estrutura da perícia oficial do Rio.
Hoje, a Polícia Técnico-Científica é subordinada à Polícia Civil. Essa situação, segundo ele, compromete a independência das investigações. “Não se combate crime organizado sem perícia independente. A estrutura atual prejudica o controle e a transparência”, finalizou o magistrado.
Na segunda-feira, Moraes conduziu pessoalmente e direto do Rio audiências públicas com o governador fluminense Cláudio Castro (PL) e outras autoridades do estado, a exemplo do secretário estadual de Segurança Pública.
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