Justiça
Três meses depois, Toffoli dá andamento ao caso da ameaça de Zé Trovão a Lula
Um relatório da PF chegou ao ministro do STF em 1º de agosto
O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli enviou à Procuradoria-Geral da República, nesta quarta-feira 5, um relatório da Polícia Federal sobre a investigação contra o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) por suposta ameaça ao presidente Lula (PT).
O documento da PF chegou ao STF em 1º de agosto. Toffoli levou, portanto, 96 dias para dar andamento ao processo.
Em julho de 2023, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) acusou Zé Trovão de manipular uma declaração de Lula sobre seu desejo “de que todos os brasileiros tenham pelo menos um prato de comida todo santo dia”. O objetivo do deputado do PL seria incitar ódio e violência entre seus seguidores.
“Prestou atenção no que que esse cara acabou de falar? Ele está relativando (sic) comum, pequenos furtos, dizendo que as pessoas roubam mercados, roubam farmácias, porque elas estão numa situação difícil. Não! Ô, Lula, seu bandido, seu ladrão! Você é um bandido, um ladrão! Descondenado, que a Justiça nesse Brasil que não vale nada te deu salvo-conduto pra você sentar numa cadeira presidencial hoje. Bandido bom é bandido na cadeia ou no caixão“, disse, em publicação nas redes sociais.
Para Dirceu, “trata-se de evidente ameaça, incitação e apologia à morte do Chefe do Executivo”. Toffoli autorizou a abertura de uma investigação conduzida pela PF, que ouviu Trovão em 15 de julho deste ano, por videoconferência.
Na ocasião, o bolsonarista negou que a expressão “bandido bom é bandido morto” se referisse a Lula, “mas sim a qualquer bandido”. Disse também que a frase “nós vamos te arrancar dessa cadeira” tem relação com as eleições de 2026 e alegou que suas declarações estão protegidas pela imunidade parlamentar, que ele considera absoluta.
Ficou, porém, em silêncio quando questionado sobre a publicação do vídeo e a repercussão de suas postagens.
Ao fim da investigação, a PF decidirá se indicia ou não o deputado do PL. Uma eventual denúncia caberá à Procuradoria-Geral da República.
O caso Moraes
Zé Trovão também ameaçou, em 20 de agosto, “acabar com a vida” do ministro do STF Alexandre de Moraes, em um discurso proferido no plenário da Câmara dos Deputados. A declaração ocorreu enquanto o bolsonarista defendia o pastor Silas Malafaia, alvo de uma operação da PF.
“Continuem perseguindo as pessoas. Estão no caminho certo para que, daqui a pouco tempo, este país seja uma desgraça definitiva. Alexandre de Moraes, presta atenção: o seu dia, o seu fim está próximo e nós vamos acabar com a sua vida”, ameaçou.
Apenas cinco minutos depois, sob forte repercussão no plenário, Zé Trovão voltou ao microfone para recuar. “Eu disse ‘destruir a sua vida’ e isso não é verdade de maneira nenhuma. Nós não estamos aqui para destruir vidas, e sim as ações erradas que ele tem tomado. Nós iremos acabar com a injustiça que ele comete.”
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