Justiça
STJ mantém condenação de advogado por postagens homofóbicas contra Bolsonaro e Trump
Alexandre Lopes Reis Boeira exaltou Hitler, ofendeu judeus e a comunidade LGBT em publicações no antigo Twitter
O Superior Tribunal de Justiça manteve a condenação do advogado nazista Alexandre Lopes Reis Boeira por praticar o crime de racismo qualificado. A decisão foi tomada pelo ministro Rogério Schietti Cruz, relator do caso, em despacho monocrático assinado em 29 de outubro e publicado no Diário da Justiça Eletrônico na terça-feira 3.
De acordo com o processo, o advogado publicou mensagens em que saudava o ditador nazista Adolf Hitler e elogiava o ministro da propaganda do regime, Joseph Goebbels, além de afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sentia “amor gay” por Donald Trump e era “amante de judeus”.
As mensagens também continham ataques transfóbicos e homofóbicos, incluindo críticas a cirurgias de redesignação sexual e incitação à violência contra pessoas trans.

Boeira havia sido condenado pela 22ª Vara Federal de Porto Alegre a dois anos, quatro meses e 24 dias de reclusão, pena que foi substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de 20 salários mínimos. A sentença foi confirmada pela 7ª Turma do TRF-4 e agora pelo STJ.
O Ministério Público Federal denunciou Boeira por praticar, induzir e incitar discriminação e preconceito contra judeus e a população LGBT. Segundo o órgão, o conteúdo das publicações deixava evidente “o dolo do acusado em propagar o ódio e a discriminação racial e de gênero”.

No recurso ao STJ, a defesa alegou nulidade processual, sustentando que o Ministério Público não teria obtido o “contexto completo” das conversas no X (antigo Twitter) e que as postagens deveriam ser classificadas como injúria, não como racismo. O ministro Schietti rejeitou todos os argumentos, afirmando que “o caráter ilícito das postagens se extrai da simples leitura do que foi dito pelo réu”.
O Tribunal também reafirmou a competência da Justiça Federal, por se tratar de publicações feitas na internet, em plataformas de alcance internacional, e concluiu que as ofensas atingiram coletividades, não indivíduos específicos.
Com a decisão, o STJ manteve integralmente a condenação de Alexandre Lopes Reis Boeira, que permanece em liberdade, podendo ainda recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
STF julgará pedido de ‘advogada cristã’ para soltar Bolsonaro
Por CartaCapital
A pena que Eduardo Bolsonaro pode receber no STF por coação
Por CartaCapital



