Justiça

O que pesa contra Cláudio Castro em julgamento no TSE

O político da extrema-direita, se for derrotado no processo, pode ter seu mandato cassado e ficar inelegível

O que pesa contra Cláudio Castro em julgamento no TSE
O que pesa contra Cláudio Castro em julgamento no TSE
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) – Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inicia nesta terça-feira 4 um julgamento que pode cassar o mandato do governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e torná-lo inelegível. Ele é acusado de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022.

Segundo as investigações iniciadas após uma série de reportagens do site UOL, o governador foi responsável por um esquema de contratações irregulares de dezenas de milhares de cabos eleitorais por meio do Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro apurou que os supostos envolvidos no esquema sacavam dinheiro vivo em agências bancárias. Somados, os saques chegam a 248 milhões de reais, segundo o inquérito.

Em nota, a defesa de Castro afirmou que “todas as ações do governo seguiram dentro da legalidade, sem qualquer relação com a campanha eleitoral” e que o governador “reitera respeito absoluto ao processo legal e à vontade soberana dos quase 5 milhões de eleitores fluminenses que o elegeram.”

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), também será julgado. Ele é alvo das mesmas acusações que pesam sobre Castro, e também nega irregularidades. Ambos foram absolvidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) em 2024. O caso chegou ao TSE após recurso do Ministério Público Eleitoral.

O julgamento na Justiça Eleitoral acontece exatamente uma semana após a operação policial que causou 121 mortes, incluindo quatro policiais, nos complexos de favelas da Penha e do Alemão, na cidade do Rio. O massacre na cidade ocorreu sob a alegação de busca por lideranças da facção Comando Vermelho – nenhum dos alvos originais foi localizado.

A matança parece ter dado fôlego político a Castro. Pesquisas divulgadas nos dias após a ação policial mostram que parte considerável da população fluminense aprovou a medida. O governador abraçou a ideia e disse que o episódio foi “o início de um grande processo“. No momento da declaração, a Defensoria Pública estadual calculava 132 mortes.

Com Castro no centro das atenções dos eleitores de direita e extrema-direita, não só do Rio, cresce em Brasília a aposta de que o julgamento desta terça-feira poderá ser paralisado com um pedido de vista. O caso é relatado no TSE pela ministra Isabel Galotti. Também votam a presidenta do Tribunal, ministra Cármen Lúcia, e os ministros André Mendonça, Kassio Nunes Marques, Antonio Carlos Ferreira, Floriano de Azevedo Marques e Estela Aranha.

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