Sociedade

Dezenas de corpos são levados por moradores a ruas do Rio; mortos em operação passam de 130

Na terça-feira, dia da operação, o governo do estado havia confirmado 64 mortes

Dezenas de corpos são levados por moradores a ruas do Rio; mortos em operação passam de 130
Dezenas de corpos são levados por moradores a ruas do Rio; mortos em operação passam de 130
Rio de Janeiro (RJ), 28/10/2025 - Dezenas de corpos são levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil
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Dezenas de corpos recolhidos durante a madrugada e manhã desta quarta-feira 29 por moradores dos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, foram reunidos em vias públicas pelas comunidades. Com mais essas vítimas, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro já calcula em 132 o número total mortes após a operação da véspera.

Imagens divulgadas por ativistas e moradores das comunidades mostraram o processo de retirada dos corpos, que estavam em uma região de mata entre os dois complexos que concentraram as ações de terça-feira 28.

O ativista Raull Santiago, nascido e criado no Alemão e integrante de coletivos que atuam na região, acompanha a movimentação desde a madrugada. Por volta das 8h30 desta terça, ele já contabilizava mais de 60 corpos recolhidos por moradores.

“Tá bem difícil. Os familiares estão chegando. É muito choro, é muito grito. Acabei de ver uma mãe identificando seu filho; uma filha identificando seu pai. Está muito sinistro”, disse Raull Santiago, com a voz embargada, em vídeo publicado em sua página no Instagram. “A ficha está começando a cair. O cheiro podre de pessoas mortas. O grito, o choro. E tem mais corpos”.

Rio de Janeiro (RJ), 28/10/2025 – Dezenas de corpos são levados por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro.
Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

Os corpos, segundo os moradores da região, não estão contabilizados nos cálculos oficiais. O último balanço do governo do Rio de Janeiro informa que a operação resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais. Procurada por CartaCapital, a Polícia Civil do Rio ainda não se manifestou.

“Evidente ali as execuções, marca de queimadura, ou seja, pessoas amarradas, você tem pessoas ali que foram rendidas e assassinadas friamente”, disse à agência de notícias AFP o advogado Albino Pereira Neto, que representa três famílias que perderam parentes.

Em entrevista à TV Globo, o secretário estadual de Polícia Militar, Marcelo de Menezes Nogueira, reconheceu que “a princípio” os corpos recuperados pelos moradores não entraram no balanço oficial divulgada na terça.

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