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Haddad diz preferir pecha de ‘gastador’ à de ‘caloteiro’, em defesa do pagamento de precatórios
O ministro da Fazenda afirmou que o governo Lula busca equilíbrio fiscal com respeito às decisões judiciais e criticou calote de Bolsonaro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira 24 que prefere ser criticado por gastar demais a ser chamado de caloteiro, em referência às dívidas judiciais do governo federal conhecidas como precatórios. A declaração foi proferida em um seminário do Instituto dos Advogados de São Paulo, na capital paulista.
“Prefiro ficar com a pecha de quem gastou demais do que com a pecha de caloteiro”, disse o ministro, ao comentar o pagamento de débitos herdados do governo anterior. Haddad destacou que o Ministério da Fazenda repudia o calote nos precatórios promovido pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) por meio da PEC de 2021, que adiou o pagamento dessas obrigações para abrir espaço no Orçamento.
Segundo o petista, a atual equipe econômica optou por uma solução “sustentável e constitucional” para lidar com o problema fiscal. “Resolver o problema fiscal desse jeito, qualquer um resolve. Tem que resolver de maneira sustentável, e é o que nós estamos procurando fazer.”
O ministro também comentou a nova emenda constitucional que flexibiliza o pagamento de precatórios por estados e municípios e que, segundo estimativas, abre margem de 12,4 bilhões de reais em gastos adicionais em 2026. Haddad ressaltou que o governo federal ficou de fora da mudança. “A única participação da Fazenda foi pedir para não mexer nos precatórios federais. Repudiamos o calote dado no governo anterior e não queremos seguir esse caminho.”
Durante o evento, Haddad lembrou também que em 2023, o governo Lula quitou parte expressiva dos precatórios atrasados, o que contribuiu para o déficit primário de 230 bilhões de reais naquele ano. “As pessoas não tiram da minha conta o que eu paguei da gestão anterior. Eu paguei uma dívida do governo anterior que tinha que ser paga.”
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