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ONU afirma que 20 funcionários foram detidos pelos houthis no Iêmen
O grupo que controla a capital do país acusa os funcionários da organização de espionagem a favor de Estados Unidos e Israel


Os rebeldes houthis mantêm retidos em Sanaa 20 funcionários das Nações Unidas, entre eles o britânico Peter Hawkins, representante do Unicef no Iêmen, um país em guerra, anunciaram neste domingo 19 representantes do órgão.
Os insurgentes, que controlam a capital iemenita e amplas áreas do território, já haviam lançado uma batida contra funcionários da ONU no dia anterior.
“Cinco membros da equipe nacional e 15 membros da equipe internacional estão detidos no complexo” da ONU, no qual os rebeldes entraram no sábado, disse à AFP Jean Alam, porta-voz do coordenador residente da ONU no Iêmen.
Ele disse que outros 11 funcionários locais detidos anteriormente foram libertados após interrogatório.
De acordo com Alam, a ONU está em contato com os houthis, os Estados-membros envolvidos e o governo iemenita para “resolver esta grave situação o mais rápido possível, acabar com a detenção dos funcionários e restabelecer o controle total de suas instalações em Sanaa”.
Um responsável da ONU que falou em condição de anonimato indicou que Hawkins “é um dos 15 funcionários internacionais retidos”.
No sábado, Alam disse à AFP que forças de segurança houthis haviam entrado “sem autorização” no complexo da ONU em Sanaa.
Os rebeldes já tinham atacado escritórios da ONU na capital em 31 de agosto, quando detiveram uma dezena de funcionários, segundo a organização.
De acordo com um alto funcionário houthi, os funcionários são suspeitos de espionagem a favor de Estados Unidos e Israel.
O novo incidente ocorre depois que dezenas de membros da ONU foram presos nos últimos meses nas regiões controladas pelos insurgentes iemenitas, apoiados pelo Irã.
Na quinta-feira, em um discurso televisionado, o líder dos rebeldes, Abdelmalek al Houthi, afirmou que suas forças haviam desmantelado “uma das células de espionagem mais perigosas”, que se apresenta como “ligada a organizações humanitárias como o Programa Mundial de Alimentos e o Unicef”.
As acusações foram classificadas no sábado como “perigosas e inaceitáveis” pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, para quem “elas colocam em grave risco a segurança dos funcionários da ONU e dos trabalhadores humanitários, além de comprometerem operações vitais de assistência”.
Após dez anos de guerra civil, o Iêmen — um dos países mais pobres da Península Arábica — enfrenta uma das piores crises humanitárias do mundo, segundo a ONU.
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