Economia

Caixa destitui indicados do PP e PL após derrota do governo na MP do IOF

Partidos do Centrão aboncanharam os cargos em meio à tentativa do Planalto de consolidar base no Congresso. Ainda assim, colocaram suas digitais em reveses à gestão Lula

Caixa destitui indicados do PP e PL após derrota do governo na MP do IOF
Caixa destitui indicados do PP e PL após derrota do governo na MP do IOF
Fachada da Caixa Econômica Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Em reação à derrota do IOF na Câmara, o Palácio do Planalto determinou a exoneração de nomes indicados por PP e PL para vice-presidências da Caixa Econômica Federal. A informação foi antecipada pelo jornal Folha de São Paulo e confirmada a CartaCapital por fontes do governo e do banco público.

As demissões foram comunicadas com antecedência à cúpula da Caixa pela Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política da gestão Lula, de acordo com relatos à reportagem.

Rodrigo de Lemos Lopes, indicado pelo deputado federal Altineu Côrtes (PL-RJ), foi destituído da Vice-Presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital. A decisão também atinge José Trabulo Junior, consultor do presidente do banco, Carlos Vieira, desde setembro do ano passado. Este último é aliado do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira.

Novas exonerações são esperadas para os próximos dias. Petistas também têm defendido a demissão de Anderson Possa, atual vice-presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa. Sob Jair Bolsonaro, o funcionário de carreira da estatal chefiou interinamente o Banco do Nordeste depois de atuar como diretor de negócios.

PP, PL e outros partidos do Centrão abocanharam espaços na cúpula da Caixa em meio às negociações do Planalto para azeitar sua base de apoio no Congresso. Foi na esteira dessas articulações que André Fufuca (MA) acabou alçado ao cargo de ministro dos Esportes. Isso não impediu, porém, que essas siglas colocassem suas digitais em derrotas importantes para o governo.

Neste ano, porém, a sigla comandada por Nogueira anunciou a saída da gestão petista ao lado do União Brasil, com a orientação de que seus filiados entregassem seus cargos.

“Esse desembarque é só pra inglês ver. Os vice-presidentes da Caixa não saem dessas posições espontaneamente. Até porque ninguém é filiado a partido. Eles não tem compromisso ideológico, como na esquerda; é só fisiologia. Então, se não tem ordem do Palácio fica por isso mesmo”, explica um assessor do governo.

O revés no caso do IOF contou com articulação de caciques do Centrão, que viram na votação da medida provisória uma chance de dar o troco no Planalto pelos votos contrários à PEC da Blindagem.

A rejeição da proposta implica na perda de uma das principais fontes de arrecadação previstas para 2025 e 2026. A estimativa da equipe econômica é de um rombo de 42,3 bilhões de reais até o ano que vem.

Como mostrou CartaCapital, congressistas afirmam não haver outra razão para a articulação contrária ao texto senão restringir o espaço fiscal de Lula no ano em que ele deve buscar a reeleição.

Enquanto técnicos da Fazenda estudam medidas alternativas para evitar a paralisação de programas sociais e equilibrar as contas públicas, na arena da política a aposta é engrossar o discurso contra os BBBs. Ministérios e deputados da base, por exemplo, foram orientados a produzir materiais informativos sobre os impactos da rejeição a políticas públicas essenciais.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo