Justiça
Os nomes cotados para a sucessão de Barroso no STF
Com a decisão, o presidente Lula (PT) poderá indicar o seu décimo ministro para a Corte


Especulada há semanas, a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso, oficializada nesta quinta-feira, deve intensificar a disputa pela sua cadeira no Supremo Tribunal Federal.
Com a decisão, o presidente Lula (PT) poderá indicar o seu décimo ministro para o STF. Neste terceiro mandato, o petista escolheu Flávio Dino para a vaga de Rosa Weber, aposentada em fevereiro do ano passado, e Cristiano Zanin, seu ex-advogado, no lugar de Ricardo Lewandowski.
Os rumores de que Barroso deixaria o tribunal circulam em Brasília há tempos, mas o tema ganhou tração às vésperas do jurista deixar a presidência do STF. O movimento deflagrou articulações nos bastidores sobre um possível substituto.
Quem desponta com mais força é o advogado-geral da União, Jorge Messias, considerado homem de confiança do petista e com perfil alinhado ao governo. Outro personagem mencionado é Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado e aliado próximo do decano do STF Gilmar Mendes. Também são citados como ‘supremáveis’ o ministro do TCU Bruno Dantas e o controlador-geral da União, Vinícius Carvalho.
Há quem aposte, ainda, que o presidente da República optará por uma mulher e escolherá Maria Elizabeth Rocha, atual presidente do Superior Tribunal Militar. A magistrada possui bom trânsito no mundo político e jurídico, e seu nome ganha força em meio à pressão social pela nomeação da mais uma ministra, uma vez que o Supremo permanece apenas com Cármen Lúcia.
Aos 67 anos, Barroso poderia ficar até 2033 no cargo, quando completaria 75 anos e teria que se aposentar.
Indicado ao cargo por Dilma Rousseff em 2013, Barroso foi um dos ministros do STF mais atingido pelas sanções impostas pelo governo Donald Trump aos magistrados e seus familiares. Além de ter o visto revogado pela Casa Branca, viu o seu filho Bernardo desistir de voltar aos Estados Unidos, onde atuava como diretor do banco BTG Pactual em Miami.
Na última segunda-feira, em um evento em Salvador (BA), ao participar do XVII Encontro do Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, Barroso fez a última sinalização de que iria deixar o Supremo. “A vida é feita de muitos ciclos. A gente deve saber a hora de entrar e a hora de sair”, afirmou o ministro.
Um dia após passar o bastão para Edson Fachin, o ex-presidente do STF disse que existem “outros espaços relevantes na vida brasileira” além do Supremo e, por isso, estava avaliando se anteciparia a aposentadoria. Antes disso, afirmou à Folha de S.Paulo que havia firmado esse compromisso com sua então esposa, falecida em 2023.
Barroso deve permanecer no cargo até a próxima semana, já que deseja dar andamento a alguns processos que considera importantes. Depois, deve embarcar rumo a Europa, onde participará de um retiro espiritual organizado pelo Brahma Kumaris, grupo fundado na Índia em 1937 que se dedica à “transformação pessoal e à renovação mundial”. Ele também dará aulas como professor visitante na Universidade de Sorbonne, na França, após o momento de reclusão.
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