Cultura

Nobel de Literatura premia o húngaro László Krasznahorkai

Segundo a academia, Krasznahorkai é, assim como Kafka, um ‘grande escritor épico’ da tradição literária centro-europeia ‘caracterizada pelo absurdo e o excesso grotesco’

Nobel de Literatura premia o húngaro László Krasznahorkai
Nobel de Literatura premia o húngaro László Krasznahorkai
O escritor húngaro László Krasznahorkai venceu o Prêmio Nobel de Literatura de 2025. Foto: Leo NEUMAYR / APA / AFP
Apoie Siga-nos no

O escritor húngaro László Krasznahorkai foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura “por sua obra marcante e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”, anunciou nesta quinta-feira 9 a Academia Sueca em Estocolmo.

O prêmio é atribuído à pessoa que “tiver produzido no campo da literatura o trabalho mais notável”. Cada vencedor recebe 11 milhões de coroas suecas (6,1 milhões de reais).

A academia descreveu Krasznahorkai, autor de cinco romances e diversas outras coletâneas de ensaios e contos, como um “grande escritor épico na tradição centro-europeia que se estende de Kafka a Thomas Bernhard e é caracterizada pelo absurdo e o excesso grotesco”.

Nascido em Gyula, na Hungria, Krasznahorkai tem 71 anos e é autor dos romances como The Melancholy of Resistance (1989), War and War (1999), Destruction and Sorrow beneath the Heavens (2004) e Baron Wenckheim’s Homecoming (2016).

Sátántangó, única obra do escritor publicada no Brasil, foi editada em 2022 pela Companhia das Letras. A obra se desenrola em torno da chegada de um homem misterioso a uma aldeia húngara onde a chuva não para de cair.

Antes de receber o Nobel, ele já havia sido reconhecido com o Booker International Prize de 2015 por suas “frases extraordinárias, frases de comprimento incrível que vão a extremos incríveis, cujo tom muda de solene para excêntrico, de curioso para desolado, enquanto seguem seu caminho errático”.

Tanto Sátántangó quanto The Melancholy of Resistance foram transformados em filmes pela diretora húngara Béla Tarr.

Outros vencedores

Em 2024, o Nobel de Literatura foi para a autora de romances, ensaios e contos sul-coreana Han Kang. Ela é a primeira mulher asiática a ganhar o prêmio e foi apenas a 18ª mulher a receber o Nobel de Literatura entre os 121 laureados desde 1901.

A Academia Sueca, organizadora do prêmio, é frequentemente criticada pelo longo histórico de premiação a homens e pela baixa representatividade geográfica dos vencedores na categoria literária. Entre os 121 ganhadores, por exemplo, 97 eram europeus.

Em 2023, o Nobel de Literatura foi para o escritor norueguês Jon Fosse. Em 2022, ele ficou com a escritora francesa Annie Ernaux.

Outras categorias

Criado pelo inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), com base em sua fortuna pessoal, o prêmio que leva seu nome já foi concedido 628 vezes a 1.015 indivíduos e organizações, alguns mais de uma vez, entre 1901 e 2024.

Os seis dias de anúncios do Prêmio Nobel iniciaram-se na segunda-feira, com o da Medicina, designado aos pesquisadores americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi, por sua descoberta relacionada à tolerância imunológica periférica, que impede o sistema imunológico de causar danos ao corpo.

No dia seguinte, o de Física foi para o britânico John Clarke, o francês Michel Devoret e o americano John Martinis por pesquisas fundamentais para o avanço da computação quântica. O de Química ficou com o japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordaniano Omar M. Yaghi pelo desenvolvimento de estruturas metalorgânicas, que podem serem usadas para capturar substâncias específicas, desenvolver reações químicas e conduzir eletricidade.

Após o anúncio do Nobel de Literatura, segue-se o da Paz. Em 13 de outubro, por fim, será divulgado o Nobel de Economia. A cerimônia de entrega, pelo rei da Suécia, Carl 16 Gustaf, está marcada para 10 de dezembro.

(ots)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo