Justiça

Protestos selam veto à PEC da Blindagem no Senado e enfraquecem anistia a Bolsonaro

Com forte adesão nas capitais, mobilizações fortaleceram a posição do Planalto no embate com o Congresso

Protestos selam veto à PEC da Blindagem no Senado e enfraquecem anistia a Bolsonaro
Protestos selam veto à PEC da Blindagem no Senado e enfraquecem anistia a Bolsonaro
Protestos em Brasília contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas. Foto: EVARISTO SA / AFP
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Um dia depois das manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos golpistas de 8 de Janeiro, o jogo político em Brasília mudou. O governo e lideranças do PT celebraram a mobilização como prova de que a população rejeita desmandos parlamentares. No Senado, já se dá como certo o enterro da proposta aprovada pela Câmara.

No domingo 21, o presidente Lula (PT) publicou imagens aéreas dos protestos e afirmou que eles “demonstram que a população não quer a impunidade, nem a anistia”. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou a leitura ao dizer que Lula chegou a Nova York, para a Assembleia Geral da ONU, “acompanhado do povo brasileiro, que foi às ruas falar alto contra a anistia aos golpistas”.

A repercussão no Legislativo foi imediata. O relator da PEC no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), disse que o texto será rejeitado por ser “um absurdo, um tapa na cara da sociedade”. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), marcou a proposta como primeiro item da pauta de quarta-feira 24 e afirmou que pretende “enterrar” a medida. Deputados de partidos de centro e até de esquerda que votaram a favor da PEC chegaram a publicar vídeos nas redes pedindo desculpas.

Do lado bolsonarista, o esforço foi para minimizar os atos. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou mensagem do pastor Silas Malafaia dizendo que a esquerda “engana o povo”. Já Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Jair Bolsonaro (PL), criticou a junção das pautas da blindagem com a anistia, classificando-a como “marketing às avessas”.

Se a PEC da Blindagem já tem destino selado no Senado, o projeto de anistia também perdeu fôlego. O relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) diz que não entregará uma proposta que beneficie diretamente Bolsonaro. “Quem pode ajudar Bolsonaro são os advogados dele, não eu”, afirmou.

Os protestos de domingo, que reuniram cerca de 42,2 mil pessoas em São Paulo e outras 41,8 mil no Rio de Janeiro, foram os maiores atos pró-governo desde 2022. Pela primeira vez, a esquerda exibiu capacidade de mobilização comparável à dos recentes atos convocados pela direita.

Além do efeito imediato no Senado, as ruas apertaram o cerco sobre a Câmara, especialmente sobre o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), principal fiador da tramitação relâmpago das duas propostas. Motta foi alvo de críticas diretas nas redes sociais – e em sua base eleitoral, na Paraíba, manifestantes chegaram a entoar gritos de “fora, Motta”.

O saldo político também reacende um debate mais amplo sobre Congresso e sociedade. Para o governo, a mobilização abriu espaço para que pautas como a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda e o fim da jornada 6×1 ganhem prioridade. Já para o bolsonarismo, o resultado foi corrosivo: ao vincular a anistia à PEC da Blindagem, acabou se associando uma pauta já impopular a outra ainda mais rejeitada pela opinião pública.

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