Política
Partidos iniciam disputa para indicar o novo ministro do Turismo
Celso Sabino seguirá por mais alguns dias no cargo, mas já confirmou ter entregado sua carta de demissão a Lula
Celso Sabino (União-PA) sequer deixou oficialmente o comando do Ministério do Turismo, mas integrantes do governo já discutem quem o substituirá. O atual chefe da pasta voltou a se reunir com Lula (PT) nesta sexta-feira 26 para confirmar que deixará o cargo motivado pela decisão do seu partido de antecipar o desembarque da gestão petista. Ele já havia dado um primeiro aviso a Lula sobre sua saída na última sexta-feira 19.
Na prática, a demissão de Sabino do Ministério deve ser concretizada apenas após o dia 3 de outubro, próxima quinta-feira, quando ele acompanhará o presidente em uma agenda no Pará, seu reduto político. A sobrevida teria sido um pedido do petista, para cumprir um compromisso já acertado previamente. Até lá, diz, seguirá ministro.
A corrida pelo cargo
Na última sexta-feira, quando Sabino informou Lula pela primeira vez que pretendia cumprir a ordem do União Brasil para deixar o cargo, o ainda ministro sugeriu que Ana Carla Lopes, advogada e atual secretária-executiva do Turismo, fosse escolhida como sua substituta. O argumento de Sabino é que a auxiliar é do Pará e está por dentro das ações da pasta a respeito da COP30, a ser realizada neste ano, na capital do estado.
Existem, no entanto, outras forças políticas de olho na vaga que será aberta nos próximos dias. O governador do Pará Helder Barbalho (MDB) é uma delas. Ele recorre ao mesmo argumento para defender que o espaço fique com alguém do estado. Nas poucas conversas que teve com auxiliares de Lula, o emedebista sinalizou que tem interesse em indicar um aliado para o posto, sem citar nominalmente o seu possível apadrinhado.
O PT também corre para emplacar um aliado na vaga. A defesa neste caso é pela ascensão de Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur e que entrou na sigla em 2023. Ministros do partido relembram do papel desempenhado por Freixo nas eleições de 2022, quando lançou-se na disputa pelo Palácio da Guanabara, ainda no PSB, com o objetivo de reforçar o palanque de Lula no estado.
Outro partido que disputa a vaga é o PDT. A cúpula da legenda ainda não superou a demissão de Carlos Lupi, em maio, e considera que o atual chefe da Previdência, Wolney Queiroz, é um nome da cota pessoal do presidente. O cálculo é de que Lula estaria “devendo” uma indicação ao PDT.
Desembarque do União
O desembarque do União Brasil era há muito esperado pelo Planalto, mas só foi formalizado na semana passada, quando o partido acelerou a saída e publicou uma resolução que fixava prazo de 24 horas para que seus filiados entregassem os cargos na administração federal, sob pena de expulsão. A cúpula da sigla tomou a decisão após o vazamento de um depoimento à Polícia Federal que cita Antonio de Rueda, atual presidente da agremiação, e uma suposta relação com nomes do PCC. A legenda atribuiu a crise a membros do governo.
Não houve surpresa no entorno de Lula com o desembarque, de acordo com relatos à reportagem. A sigla, apesar de controlar três pastas na Esplanada e uma centena de cargos no segundo e terceiro escalões, não raro imprimia suas digitais em derrotas do governo no Congresso Nacional. Um ministro do PT, ouvido sob reserva, avalia que a saída ocorre à luz do desgaste sofrido pela legenda, cuja bancada na Câmara votou em peso pela aprovação da PEC da Blindagem e a favor da urgência da anistia a golpistas.
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