Justiça
Dino abre inquérito para investigar supostos crimes do clã Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19
A apuração tem como ponto de partida as conclusões da CPI que investigou a atuação do governo do ex-capitão durante a circulação da doença no Brasil; outros 20 políticos, jornalistas e empresários também serão investigados


O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de um inquérito que mira o clã Bolsonaro e outros 20 aliados por supostos crimes praticados durante a pandemia. A investigação foi solicitada pela Polícia Federal e autorizada nesta quarta-feira 17.
A investigação que mira Jair, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro (todos filiados ao PL) tem como base o relatório da CPI que apurou a desastrosa atuação do governo anterior no enfrentamento da doença.
O relatório final aprovado pelos parlamentares em outubro de 2021 sugeriu o indiciamento do ex-presidente por 11 crimes, entre eles o de epidemia com resultado morte; charlatanismo; incitação ao crime; e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo. Crimes contra a humanidade e crimes de responsabilidade também teriam sido cometidos pelo ex-capitão, de acordo com as conclusões da CPI.
Já contra os três filhos do ex-presidente, a CPI apontou o cometimento de incitação ao crime. O trio é suspeito de instruir a população a descumprir medidas sanitárias durante a circulação do vírus no Brasil.
A lista de alvos do inquérito aberto nesta quinta-feira tem, ainda, uma série de políticos, jornalistas e blogueiros da extrema-direita, além de empresários ligados a Bolsonaro suspeitos de fraudes em contratos e desvios de recursos públicos na pandemia. São eles:
- Ricardo Barros, deputado federal do PP do Paraná;
- Osmar Terra, deputado federal do PL do Rio Grande do Sul;
- Bia Kicis, deputada federal do PL do Distrito Federal;
- Carla Zambelli, deputada federal do PL de São Paulo;
- Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Cidadania e ex-ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República;
- Carlos Jordy, deputado federal do PL do Rio de Janeiro;
- Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista;
- Hélcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil;
- Oswaldo Eustáquio, blogueiro bolsonarista;
- Hélio Angotti Netto, ex-secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, do Ministério da Saúde;
- Bernardo Kuster, diretor do jornal Brasil Sem Medo;
- Paulo Eneas, editor do site bolsonarista Crítica Nacional;
- Richards Pozzer, artista gráfico bolsonarista;
- Leandro Ruschel, jornalista bolsonarista;
- Carlos Wizard Martins, empresário bolsonarista;
- Luciano Hang, empresário bolsonarista;
- Otávio Oscar Fakhoury, empresário bolsonarista;
- Filipe Martins, ex-assessor Especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República;
- Tercio Arnaud Tomaz, ex-assessor especial da Presidência da República; e
- Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores.
Dino, ao autorizar a investigação, citou as suspeitas levantadas pela CPI. “Destaco que a investigação parlamentar apontou indícios de crimes contra a Administração Pública, notadamente em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos, assinatura de contratos com empresas de ‘fachada’ para prestação de serviços genéricos ou fictícios, dentre outros ilícitos mencionados no relatório.”
A PF tem, inicialmente, 60 dias para concluir as investigações.
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