Política
Quaest aponta estabilidade na aprovação e desaprovação do governo Lula em setembro; veja os resultados
O levantamento entrevistou 2.004 pessoas entre os dias 12 e 14 de setembro; a margem de erro é de 2 pontos percentuais


O governo Lula (PT) é desaprovado por 51% dos brasileiros e aprovado por 46%, segundo nova pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira 17. Os resultados mostram estabilidade na popularidade do governo na comparação com agosto.
Naquele mês, o governo havia registrado uma nova melhora na sua aprovação (de 43% para 46%) e uma oscilação negativa na desaprovação (de 53% para 51%). Os índices, naquela ocasião, foram puxados pela resposta brasileira ao tarifaço de Donald Trump e já tinham variado positivamente para o petista um mês antes. Veja os comparativos:
Nos recortes por região, gênero, escolaridade e idade, de um modo geral, os índices oscilaram dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais – o que justifica a estabilidade no resultado global. A maior movimentação nesses grupos está na faixa mais velha de idade (de 60 anos ou mais), onde a desaprovação cresceu de 42% para 45%.
Melhora entre os evangélicos
Nos recortes por religião, porém, há mudanças mais significativas: o governo Lula registrou uma melhora nos índices entre os eleitores evangélicos, mas caiu no conceito entre os entrevistados que professam a fé católica. Apesar das mudanças, o cenário geral ainda é mais negativo entre os evangélicos e mais positivo entre os católicos. Confira:
Beneficiários do Bolsa Família
Outra movimentação mais significativa nos índices por recortes da sociedade se dá entre os beneficiários do programa Bolsa Família. Nessa faixa, o índice de aprovação do governo voltou a avançar e a desaprovação registrou nova queda. São 64% os que aprovam Lula e 32% os que reprovam. Eram 60% e 37%, respectivamente, em agosto.
Entre aqueles que não recebem o benefício, os índices ficaram estáveis em setembro: 55% desaprovam (eram 54% em agosto) e 42% aprovam (eram 43% em agosto).
Houve, por fim, queda na desaprovação entre aqueles que dizem ter votado em branco ou anulado o voto no 2º turno de 2022. O índice passou de 57% para 54%. A aprovação nessa parcela da sociedade se manteve estável, oscilando de 39% para 40%.
Os resultados entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT) naquela eleição se mantiveram estáveis neste mês.
Avaliação do governo reforça estabilidade
Os índices de avaliação do governo Lula também reforçam o cenário de estabilidade em setembro, com variações dentro da margem de erro da pesquisa. Veja:
Como você avalia o trabalho que o presidente Lula está fazendo?
- Negativo – 38% (eram 39% em agosto);
- Positivo – 31% (eram 31% em agosto);
- Regular – 28% (eram 27 em agosto);
- Não sabem/Não responderam – 3% (eram 3% em agosto).
A pesquisa foi contratada pela Genial Investimentos e ouviu, entre os dias 12 e 14 de setembro, 2.004 eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Governo tem motivos para comemorar e para se preocupar, diz CEO da pesquisa
Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest e responsável pela pesquisa, o governo Lula tem motivos para comemorar os resultados, mas também deve olhar com preocupação para alguns dados do levantamento. A avaliação foi compartilhada por Nunes em seu perfil oficial em uma rede social.
Segundo o pesquisador, a alta aprovação dos programas do governo e o aumento no volume de notícias positivas sobre a gestão são dois dos itens que podem ser celebrados por Lula em setembro ao olhar para a Quaest. As percepções sobre a inflação e um rescaldo da crise do INSS, no entanto, devem ser tratados como alerta pelo presidente.
“O gás do povo, recém lançado, já é amplamente conhecido e aprovado por 67% da população”, cita Nunes. “E entre maio e setembro, passou de 19% para 27% o percentual de brasileiros impactados por notícias positivas e caiu o impacto de notícias negativas, de 52% para 45%”, completa.
“Mas a economia continua pesando contra. Não é coincidência que a recuperação do governo foi interrompida justamente quando a percepção sobre a inflação de alimentos parou de melhorar: 61% continuam vendo preços de alimentos mais caros nos mercados”, avalia o cientista político.
Para Nunes, o efeito da resposta de Lula ao tarifaço de Trump entre a população também pode explicar a estabilidade. A percepção, diz o pesquisador, é que a opinião popular sobre o tema chegou ao seu limite. “O governo também tem bons motivos para comemorar o sucesso da defesa da soberania nacional frente aos EUA (64%) e a aliança comercial com os BRICS que é aprovada pela maioria (53%). Mas parece que o efeito do tarifaço bateu no teto”, destaca.
O pesquisador, por fim, ainda cita dois dados de alerta para Lula no levantamento. O primeiro deles é de a percepção de que o país segue na direção errada ainda atinge a maioria dos brasileiros (58%) mesmo em um cenário de recuperação da popularidade do governo. Já o segundo ponto de atenção é o descolamento da imagem de Lula como alguém conectado com o povo. Segundo a pesquisa, 61% indicam que ele teria perdido essa conexão. “Conhecido como o pai dos pobres, deixar de ter esse atributo pode ser fatal para o incumbente”, conclui Nunes.
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